A proposta da Prefeitura de São Paulo para regular o transporte individual remunerado na capital recebeu novo elogio, desta vez do site CityLab, do mesmo grupo editorial da revista The Atlantic (EUA). No início desta semana, o Banco Mundial afirmou que o modelo pode servir de referência para outras metrópoles e que se destaca por equilibrar abertura para inovação e defesa dos interesses dos cidadãos.
A Prefeitura encerrou na última quarta-feira (27) uma consulta pública, pela qual recebeu cerca de seis mil contribuições e sugestões para redação de nova lei municipal com regras para os serviços. O objetivo do Decreto de Regulação da Exploração Econômica do Uso Intensivo do Viário Urbano é promover um debate aberto sobre o tema e compatibilizar as novas tecnologias com a legislação de táxi da cidade.
Segundo o site americano, a proposta de São Paulo de oferecer crédito e cobrar as empresas de aplicativos por quilometragem é simples e protege os interesses do usuário, pois tem mecanismos para recompensar motoristas que operam fora do horário de pico ou em bairros mais distantes. O novo sistema também prevê que as empresas forneçam os dados dos deslocamentos em tempo real por meio do uso de tecnologia, o que garante planejamento mais eficiente e monitoramento do serviço.
A matéria traz aspas do especialista David King, da Universidade Columbia, em Nova York, dizendo que o conceito de São Paulo é a maneira mais inteligente para as cidades lidarem com empresas e aplicativos de transporte individual remunerado. "Como em um leilão, o motorista deve equilibrar a oferta e a demanda, o que é muito mais benéfico para a cidade em geral", explica. "A cidade [poder público] ainda é responsável pelas ruas. Sem dados sobre como elas estão sendo usadas, é impossível fazer essa gestão", finaliza King.
No Brasil, o modelo tem sido bem recebido por especialistas. Os economistas Marcos Lisboa, Bernardo Guimarães, Helcio Takeshi, Luiz Alberto Esteves e Samuel Pessôa destacaram a ousadia da medida durante o seminário “Economia Compartilhada e Gestão de Transportes”, realizado na Fundação Getúlio Vargas (FGV), na quinta-feira (28). “Essa regulação é particularmente importante para as pessoas que usam intensamente as ruas. Temos aqui em São Paulo um instrumento que é absolutamente inovador e permite regular com menos interferência”, declarou Bernardo Guimarães, a Escola de Economia da FGV.