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'Empreiteiras bancam campanhas e provocam especulação imobiliária', critica MTST

Movimentos sociais ocuparam as sedes das construtoras OAS, Odebrecht e Andrade Gutierrez

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Movimentos sociais integrantes do grupo Resistência Urbana ocuparam na manhã desta quinta-feira, em São Paulo, sedes das construtoras OAS, Odebrecht e Andrade Gutierrez, em manifestação contra os gastos da Copa do Mundo. "Empreiteiras são empresas de ganhar dinheiro. A Andrade Gutierrez está envolvida em todos os financiamentos de campanha. São essas empresas que bancam as campanhas eleitorais e que mais ganham com os governos", denuncia Natália Szermeta, da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

"As empreiteiras ficam com grande parte do recurso público, são grandes negócios do capitalismo. A construção das obras é para a elite. O governo precisa controlar a intervenção delas, porque essas empresas causam especulação imobiliária e fazem com que o cidadão more cada vez mais longe do trabalho", continua a manifestante.

Natália afirma que a abertura da "Copa sem povo, tô na rua de novo" é uma jornada para reivindicar que "os bilhões que estão sendo distribuídos para a construção do megaevento sejam utilizados para os trabalhadores". A coordenadora do MTST garante que as obras para a Copa não estão visando benefícios para a população. "Essas grandes obras causam uma enorme especulação imobiliária. O aluguel subiu 175% com a construção do Itaquera, por exemplo. Enquanto isso, os hospitais estão cada vez mais cheios e sem estrutura para receber a demanda. As obras não privilegiam uma melhoria da qualidade de vida", critica. 

Natália aponta o problema da moradia como a pior consequência da Copa e garante que a ação desta quinta-feira é somente a primeira. "O governo não fez uma consulta para o povo, foi despejando as pessoas de forma ilegal. O legado do megaevento é o da especulação, da piora da qualidade de vida e do seu aumento de custo. Vão ser feitas outras ações para dar continuidade ao ato de hoje", conclui.

Outros movimentos, como o Movimento Popular por Moradia (MPM), o Movimento de Luta Popular (MLP) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) também estiveram presentes. Outra ação do mesmo protesto foi o bloqueio do trânsito por parte do Movimento Anchieta de Luta, para reivindicar a construção de moradias na Avenida Dona Belmira Marin pelo Programa Minha Casa, Minha Vida em um terreno de 68 mil metros quadrados, ocupado no bairro do Grajaú, na zona sul.

As reivindicações do grupo cobrem seis eixos, lembrando o hexacampeonato da seleção brasileira de futebol. Na área da moradia, os manifestantes querem leis que controlem o valor dos aluguéis, a criação de uma Comissão Nacional de Prevenção de Despejos Forçados e alterações no Programa Minha Casa, Minha Vida. No transporte, pleiteam a redução imediata das tarifas, a formação de um fundo federal para redução anual do valor das passagens e tarifa zero com controle público. Na saúde, buscam o fim dos subsídios aos planos de saúde, o término das privatizações e 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para o sistema público. Para a educação, os objetivos são a ampliação e construção urgente de creches, 10% do PIB para o sistema público e que a política de cotas e assistência estudantil seja permanente. No eixo da Justiça, lutam por uma Comissão Nacional da Violência do Estado contra a Periferia, pela desmilitarização da Polícia Militar e pelo fim dos tribunais especiais e leis antimanifestação. Já em relação à soberania, pedem a garantia do trabalho informal durante a Copa, a prevenção efetiva da exploração sexual e pensão vitalícia para as famílias dos operários mortos e feridos nas obras da Copa.

*Programa de Estágio do Jornal do Brasil