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Senador boliviano foi resgatado em operação que durou mais de 22 horas

Advogado conta detalhes da viagem de La Paz ao Brasil e diz que senador está deprimido 

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“Se tudo deu certo foi graças aos funcionários da embaixada do Brasil em La Paz, na Bolívia. Temos que ‘tirar o chapéu’ para eles". Foi com essa frase que o senador boliviano, Roger Pinto Molina, e seu advogado, Fernando Tibúrcio, agradeceram o empenho do governo brasileiro em retirar o parlamentar do asilo político. Molina estava abrigado há 15 meses na representação diplomática brasileira em La Paz, após fazer graves acusações contra o governo do presidente Evo Morales. Fernando Tibúrcio conversou neste domingo com o Jornal do Brasil e contou como foi a “operação de guerra” para trazer Molina até Brasília.

“O importante é que resolvemos uma grave questão humanitária e devemos um muito obrigado aos funcionários da embaixada brasileira em La Paz”, resumiu Tibúrcio. O advogado contou que cada detalhe da viagem foi articulado com muita cautela. O senador foi transportado num veículo diplomático até a fronteira da Bolívia com o Brasil, em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, onde embarcou num avião até Brasília, onde permanecerá por tempo indeterminado. Foram mais de 1.600 quilômetros até a fronteira e 22 horas de viagem, com uma escolta de fuzileiros fortemente armados. 

Em resposta à fuga do senador Roger Molina, o governo boliviano confirmou neste domingo (25) que o parlamentar deixou o país e o ministério das Relações Exteriores boliviano informou em nota que o político é agora “um fugitivo da justiça”. Fernando Tibúrcio acredita que o caso não vá causar uma crise diplomática entre os dois países e tudo deve ser resolvido de forma consensual. Para ele, a operação foi necessária para que o senador pudesse chegar ao Brasil em segurança. 

Segundo Tibúrcio, a operação deixou o senador ansioso e debilitou a sua saúde. “Ele está num quadro de depressão e de muito nervosismo, por causa da pressão dos últimos dias, mas vai melhorar agora que está em segurança”, contou o advogado.

O senador vai passar o domingo descansando, segundo Tibúrcio. Ele vai encontrar a família nos próximos dias e programa ficar no Brasil até resolver a sua vida política e pessoal na Bolívia. “A junta de advogados dele em La Paz continua trabalhando e vai recorrer das acusações criminosas que o governo de Evo Morales está fazendo contra o senador. Daqui do Brasil, vamos trabalhar juntos”, disse Tibúrcio. 

Na próxima terça-feira (27/08), o senador Roger Pinto Molina participará de uma coletiva na Comissão de Relação Exteriores do Senado, para dar explicações sobre o caso, a chegada e permanência dele no país. O horário da coletiva ainda será confirmado pelo seu advogado.

Quando chegou à fronteira do Brasil, antes de embarcar na aeronave que o conduziu até Brasília, Roger Molina ligou para o cineasta baiano Dado Galvão, para avisar pessoalmente sobre o sucesso da operação. Dado foi quem contratou no Brasil o advogado Fernando Tibúrcio para defender o caso junto à embaixada brasileira. 

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No início do ano, Dado tentou entrevistar o senado no asilo em La Paz para um documentário que está produzindo, mas foi impedido pelas autoridades bolivianas. “Eu fiquei apavorado com a truculência e imaginei que o senador realmente estivesse numa situação de risco, por isso que entrei em contato com o Fernando Tibúrcio e fiz a proposta dele assumir a defesa por aqui”, contou Dado. Ele disse que ficou emocionado com o telefonema do senador e está programando a sua ida a Brasília para a coletiva. “O Molina fez graves acusações sobre o governo Morales, no envolvimento de representantes do alto escalão no esquema mafioso do narcotráfico, agora é a hora dele provar tudo aquilo que foi denunciado na Bolívia. Lá não deram chances dele apresentar os documentos, mas aqui no Brasil ele terá um caminho aberto para mostrar que estava certo e as acusações contra ele são infundadas. Pelo menos é o que esperamos dos trabalhos na Comissão de Relações Exteriores”, disse Dado.