São Paulo – A Caravana da Anistia faz hoje (15) ato de reparação coletiva e homenagem aos 700 estudantes presos durante o 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em 1968, pela ditadura militar. No evento, que ocorre em Ibiúna, cidade do interior do estado onde os ex-estudantes foram presos, também serão julgados os processos de anistia de Etelvino José Bechara e Gonzalo Pastor Barreda, detidos naquela época.
“Nós estamos, em primeiro lugar, resgatando a história do protagonismo da juventude, da resistência à ditadura militar”, disse o presidente da Comissão de Anistia e secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão.
Etelvino Bechara, um dos que terão o processo julgado, é professor titular do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP). Ele havia sido preso e levado para o Presídio Tiradentes, enquanto participava do congresso como representante do curso de química da USP. Em 1970, foi retirado à força da sala de aula onde trabalhava e levado para o 2º Exército, no Ibirapuera. Continuou sendo monitorado até 1984.
Gonzalo Barreda, outro caso a ser analisado, militava na política estudantil da USP, colaborando para o jornalAurk – publicação dos alunos do Conjunto Residencial da USP -, principalmente com fotografias. Em 1968, por ajudar na organização do 30º Congresso da UNE, foi detido e transferido para o Presídio Tiradentes, onde ficou por um mês. No fim do mesmo ano, foi preso novamente. Ao ser libertado, foi obrigado a abandonar o curso de engenharia da Escola Politécnica da USP.
Toda a programação do 11º Congresso da União Estadual de Estudantes-SP tem também como objetivo trazer a memória da luta contra o autoritarismo para a nova geração. “Essa geração de 68 é uma geração vitoriosa, obteve grandes conquistas para a nossa sociedade. O fato de isso estar ocorrendo dentro de um congresso atual da União Estadual de Estudantes permitirá o encontro entre o movimento estudantil do presente e do passado, para que as gerações futuras possam sedimentar e aprofundar as conquistas pelas quais a anterior sempre lutou”, declarou Paulo Abrão.
Desde o início de sua atuação, a Comissão de Anistia já julgou cerca de 180 processos de estudantes presos durante o congresso de Ibiúna. As caravanas da Anistia contam com sessões públicas itinerantes de apreciação dos pedidos de reparação por perseguição política.