Em nova manifestação na noite de terça-feira contra o aumento na tarifa do transporte público na capital paulista, manifestantes quebraram portas de agências bancárias, picharam ônibus, muros e monumentos e incendiaram lixeiras. A atitude não é incentivada pelo Movimento Passe Livre (MPL), garante Caio Martins, um dos integrantes do grupo.
"A gente não tem como controlar isso. A polícia não deve reprimir (o protesto) como tem feito porque isso aumenta a violência. O que houve foi uma tentativa da polícia de desobstruir a via, mas depois que estoura a bomba, o negócio não tem como controlar", explicou.
Segundo Martins, a manifestação ontem à noite ocorria tranquilamente até chegar ao Terminal Parque Dom Pedro, no centro de São Paulo. "Foi onde fomos violentamente atacados pela polícia e o grupo se dispersou em quatro e começou a quebradeira geral. O pessoal se reagrupou e foi para a Paulista", recordou. A Polícia Militar justifica que fez uma linha de impedimento após receber informações que manifestantes iriam incendiar ônibus.
Na opinião do integrante do MPL, a única forma de acabar com essas manifestações é com a redução do valor da tarifa. Martins estima que cerca de 12 mil pessoas participaram do protesto. "O clima que a gente está é de revolta. O movimento é contra o aumento e cresceu, está acumulando mais força e não vai sair da rua enquanto a tarifa não baixar", avisou.
O Movimento Passe Livre, que reivindica também isenção de tarifa para os estudantes secundaristas e universitários, e melhores condições para o transporte público em São Paulo, organiza um novo protesto para a quinta-feira, no Anhangabaú. A concentração será às 17h, em frente ao Theatro Municipal. "Acho que vai ser ainda maior. Espero que as cenas de ontem não se repitam e que a gente consiga uma resposta do poder público", disse.
De acordo com Martins, ainda ontem o MPL protocolou uma carta na prefeitura solicitando uma reunião com a prefeita em exercício, Nádia Campeão (PCdoB), sobre a revogação do aumento. "Não tivemos resposta até agora", justificou.
Na tarde desta quarta, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) fará uma reunião entre o governo e as organizações civis contrárias ao aumento da tarifa. O integrante do MPL, no entanto, disse que a entidade, até o início da manhã, não havia sido comunicada do encontro pelo órgão.