Morreu em São Paulo nesta terça-feira (11), aos 90 anos, o historiador e militante comunista Jacob Gorender. Um dos mais importantes historiadores marxistas brasileiros, Jacob teve como principal obra a tese O Escravismo Colonial de 1978, onde apresenta sua teoria para a compreensão da história colonial e imperial brasileira com base na apresentação do escravismo colonial, um modo de produção historicamente novo. Entre seus trabalhos também se destacam A burguesia brasileira (1981) e Combates nas trevas (1987).
De acordo com o site da Editora Fundação Perseu Abramo, responsável pela publicação de diversos livros de Gorender, ele estava na UTI há um mês e meio.
Nascido em Salvador, em 20 de janeiro de 1923, ele ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB) ainda estudante, durante a II Guerra Mundial, na Itália, onde integrou a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Gorender deixou o PCB na década de 60 para fundar o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR). Em 1964, após o Golpe Militar no Brasil, Gorender foi preso e passou para a clandestinidade política.
Em nota, a presidente chama Gorender de “amigo e companheiro” e diz que o historiador “não teve medo de defender suas ideias, mesmo pagando o pior dos preços”. Os dois se conheceram quando estavam presos no Dops (Departamento de Ordem Política e Social), em São Paulo, vítimas da repressão da ditadura militar. “Ele estava convalescente de torturas e foi conselheiro importante em um momento crucial na minha vida”, diz o texto.
Veja a nota da presidente na íntegra:
"Foi com tristeza que recebi a notícia da morte do amigo e companheiro Jacob Gorender. Autor de duas obras clássicas da historiografia brasileira, O Escravismo Colonial e Combate nas Trevas, Gorender foi um pensador do Brasil. Não teve medo das polêmicas intelectuais, assim como não teve medo de defender suas ideias, mesmo pagando o pior dos preços.
Nós nos conhecemos presos no Dops, em São Paulo. Ele estava convalescente de torturas e foi conselheiro importante em um momento crucial na minha vida.
Aos familiares, amigos e admiradores, deixo as minhas condolências e homenagens a este grande brasileiro.
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil".
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que conheceu e conviveu com Gorender ao longo de sua vida pública, também lamentou a morte do escritor. “Jacob certamente ficará como um exemplo para as novas gerações”.
*Com informações da Agência Brasil.