A Justiça de Natal condenou nesta terça-feira um casal que confessou ter desviado R$ 14 milhões do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRJ). Carla Ubarana de Araújo Leal, ex-chefe da Divisão de Precatórios do TJRN, recebeu sentença de 10 anos e quatro meses de prisão em regime fechado. O marido dela, George Luís de Araújo Leal, foi sentenciado a seis anos e quatro meses de reclusão em regime semiaberto.
Os dois foram condenados pelo crime de peculato. O juiz José Armando Ponte Dias Junior, da 7ª Vara Criminal da comarca de Natal, decretou a prisão preventiva do casal com o objetivo de garantir a ordem pública. Foi negada a possibilidade de os réus recorrerem da decisão em liberdade.
Carla e George confessaram envolvimento em um esquema criminoso que desviou recursos da Divisão de Precatórios do TJRN. Apesar disso, o juiz considerou que a ré não demonstrou arrependimento sobre a gravidade e as consequências do crime que ela cometeu. "Parece mesmo que a acusada orgulha-se do crime que cometeu, tal como o artista se orgulha de sua obra-prima, relatando-o em minúcias sempre com indisfarçável soberba", escreveu o magistrado.
"Mais que isso, gaba-se a ré das proezas que fez com o dinheiro público, das viagens que realizou, dos carros de luxo que adquiriu, demonstrando sua fixação pelo luxo, pelo dinheiro, pelo poder, pela fama", afirmou. Sobre George Leal, o juiz também analisou que ele sde mostrou orgulhoso do crime cometido.
Outras três pessoas que eram acusadas por participação no esquema como "laranjas" foram absolvidas, conforme o pedido do Ministério Público. A Justiça também determinou a restituição dos bens de Carlos Eduardo Cabral Palhares de Carvalho, Cláudia Sueli Silva de Oliveira e Carlos Alberto Fasanaro Junior.
Segundo o juiz, não foi possível perceber que os três laranjas tiveram intenção de cometer o crime, já que não houve sinais de enriquecimento. Apesar disso, grandes quantias de dinheiro passaram pelas contas deles.