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Perito acredita em culpa de Mizael, mas admite pontos 'inconclusivos' de laudo

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Guarulhos - O perito Renato Domingos Pattoli, que coordenou as perícias feitas pelo Instituto de Criminalística (IC-SP) na investigação da morte de Mércia Nakashima, admitiu que o laudo que analisou os vestígios encontrados em um sapato do policial militar reformado Mizael Bispo de Souza, réu no processo, foi "inconclusivo" em alguns pontos. Pattoli depôs por cerca de três horas nesta quarta-feira, como testemunha de defesa. Segundo ele, não é possível apontar, com certeza, que havia sangue e partículas ósseas no sapato do réu, nem apontar a compatibilidade entre os vestígios achados nele e os projéteis encontrados no carro da vítima, mas a alga extraída no objeto coloca o réu na cena do crime. 

"(o material encontrado no sapato de Mizael) É compatível com osso e com sangue. (...) Pode ser e pode não ser. É inconclusivo. (...) O certo é a alga", completou.    

"O autor é o senhor Mizael. A alga é uma prova. Todos os indícios levam (ao réu). Não existe nada conclusivo, um DNA, uma impressão digital, não existe. Mas o conjunto das provas técnicas e oitivas é conclusivo", disse o perito, que afirmou não ter "entendido" porque foi convocado como testemunha de defesa.  

Apesar de reafirmar não ter dúvidas da autoria do crime, o perito admitiu que a alga extraída da sola do sapato de Mizael, embora só possa ter partido de uma represa, pode não ter saído do local onde o corpo de Mércia foi encontrado. "Essa alga não é especificamente daquela represa. (...) Mas o sapato pisou lá. (...) E o Mizael nunca conseguiu provar que esteve em outra represa", completou.

 O caso Mércia

A advogada Mércia Nakashima, 28 anos, desapareceu no dia 23 de maio de 2010, após deixar a casa dos avós em Guarulhos (Grande São Paulo), e foi encontrada morta no dia 11 de junho, em uma represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. A perícia apontou que ela levou um tiro no rosto, um tiro no braço esquerdo e outro na mão direita,  mas morreu por afogamento quando seu carro foi empurrado para a água.

O ex-namorado de Mércia, o policial militar reformado e advogado Mizael Bispo de Souza, 43 anos, foi apontado como principal suspeito pelo crime e denunciado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. De acordo com a investigação, Mércia namorou durante cerca de quatro anos com Mizael, que não se conformava com o fim do relacionamento amoroso. A Promotoria também denunciou o vigia Evandro Bezerra Silva, que teria o ajudado a fugir do local, mas seu julgamento ocorrerá separadamente, em julho deste ano.

Preso em Sergipe dias depois da morte de Mércia, Evandro afirmou ter ajudado Mizael a fugir, mas alegou posteriormente que foi obrigado a confessar a participação no crime, sob tortura. Entretanto, rastreamento de chamadas telefônicas feito pela polícia com autorização da Justiça colocaram os dois na cena do crime, de acordo com as investigações. Outra prova que será usada pela promotoria é um laudo pericial de um sapato de Mizael, no qual foram encontrados vestígio de sangue, partículas ósseas, vestígios do projétil da arma de fogo e uma alga típica de áreas de represa.

Mizael teve sua prisão decretada pela Justiça em dezembro de 2010, mas se escondeu após considerar a prisão "arbitrária e injusta", ficando foragido por mais de um ano. Em fevereiro de 2012, porém, ele se entregou à Justiça de Guarulhos e, desde então, aguardava ao julgamento no Presídio Militar de Romão Gomes - enquanto o vigia permanece preso na Penitenciária de Tremembé. Mizael nega ter assassinado Mércia e disse, na ocasião, que a tratava como "uma rainha". Já o vigia afirmou, em depoimento, que não sabia das intenções do advogado e que apenas lhe deu uma carona. Se condenados, eles podem ficar presos por até 30 anos.