A operação Porto Seguro da Polícia Federal, que prendeu seis pessoas suspeitas de integrar um esquema de tráfico de influências, gerou uma série de demissões em diversos órgãos do governo federal. A que mais chamou atenção foi a da chefe do gabinete da Presidência em São Paulo, Rosemary Nóvoa Noronha, amiga do ex-presidente Lula. A exoneração dela provocou especulações sobre o futuro do cargo. E nesta terça-feira a Presidência comunicou que "a princípio, o cargo de chefe de gabinete não deverá ser extinto".
Rosemary e sua filha, Mirelle, uma assessora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), foram exoneradas dos cargos - a Anac também é alvo da PF. Rose, como é chamada, está sendo investigada por envolvimento em uma organização criminosa infiltrada no governo para obtenção de pareceres técnicos fraudulentos. Ela trabalhava em um gabinete criado em 2003, que funciona em um dos andares da sede do Banco do Brasil na capital paulista, com uma estrutura composta de cinco servidores em cargo comissionado. O Terra entrou em contato com o gabinete, mas os funcionários não estão autorizados a comentar, nem as investigações, nem sobre uma possível extinção do cargo de chefia.
Irregularidades também foram encontradas pela PF nas agências nacionais de Águas (ANA) e de Transportes Aquaviários (Antaq), na Advocacia-Geral da União (AGU), na Secretaria do Patrimônio da União (SPU), no Tribunal de Contas da União (TCU), no Ministério da Educação (MEC). As investigações apontam que os acusados cometeram crimes de corrupção ativa e passiva, tráfico de influência, falsidade ideológica, falsificação de documento particular, violação de sigilo funcional e formação de quadrilha.
A oposição já está se movimentando para ouvir os indicados pela operação. O PSDB quer inclusive interrogar Lula pela sua ligação muito próxima com Rosemary. "Não acho que o grande problema seja o fato de Rosemary ter sido indicada por Lula. A chave é compreendermos porque ela, nos últimos meses, conversou por telefone mais de 100 vezes com um ex-presidente, alguém com quem não tinha mais vínculos profissionais. É por isso que Lula deve esclarecimentos à sociedade", disse o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP).
A AGU, ANA e a Anac deverão prestar esclarecimento a parlamentares na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização (CMA) do Senado, que aprovou nesta terça-feira um pedido de comparecimento.