ASSINE
search button

Oficial de Justiça admite uso de celular por júri do caso Bruno

Compartilhar

O oficial de Justiça Eduardo Cândido da Silva do Sacramento assumiu nesta quarta-feira que permitiu o uso de celular pelos sete jurados do julgamento do goleiro Bruno Fernandes de Souza durante o café da manhã de terça-feira, antes do início do segundo dia de júri. O oficial revelou que as ligações foram autorizadas pela juíza Marixa Fabiane Lopes "que deveriam ser curtas, no viva voz, e com familiares apenas para pedidos de higiene pessoal, como roupas, pasta de dente".

As ligações foram feitas no próprio telefone celular do oficial de Justiça. O fato foi noticiado pelo portal iG, que mostrava fotos dos jurados, que tiveram o rosto preservado. Na tarde desta quarta-feira, os repórteres Ricardo Galhardo e Carolina Garcia foram levados a uma sala do fórum para dar esclarecimentos sobre a reportagem.

Carolina relatou que chegou a ser retirada do plenário do Júri por um oficial de Justiça e levada a uma sala do fórum. Segundo Galhardo, o escrivão Jorge Soares da Silva, com a carteira funcional na mão e um ofício, disse aos dois que estava os advertindo pela reportagem, porque poderia levar o julgamento à anulação. Conforme o relato do jornalista, estavam na sala outros dois oficiais de Justiça e uma assessora de imprensa do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG).

Após alguns minutos de conversa, os repórteres fizeram um acordo verbal para aumentar a área borrada da foto dos jurados para diminuir as chances de identificação. A assessora do TJ-MG Valéria Viana pediu desculpas pessoalmente aos repórteres e disse que não foi intenção do escrivão constranger os profissionais. Os repórteres estão hospedados no Contagem Centro Hotel, onde está concentrado o júri, e garantiram que não invadiram o local.

No primeiro dia de julgamento, a juíza Marixa Fabiane advertiu a todos que eles deveriam, por lei, ficar incomunicáveis até o final do julgamento. A magistrada autorizou que cada um fizesse uma ligação para um familiar para avisar que eles iriam compor o júri e pedir itens de higiene pessoal e vestuário. A juíza avisou ainda que todos os celulares dos jurados seriam recolhidos neste momento.

O Terra solicitou uma posição oficial à assessoria do TJ-MG sobre o fato dos jurados usarem telefone celular e também sobre a abordagem aos repórteres do portal iG. A assessoria de comunicação disse que o tribunal deve se posicionar em breve.

Na noite de terça-feira, após o segundo dia de julgamento, o promotor Henry Vasconcelos Castro revelou que seis testemunhas de defesa foram flagradas também fazendo uso de telefones celular. Um boletim de ocorrência foi registrado pela Polícia Militar, e o promotor pediu à juíza que retirasse do julgamento as seis testemunhas flagradas, o que foi deferido na manhã de quarta-feira.