Duas novas investigações foram abertas pela Polícia Civil do Pará para apurar o suposto envolvimento de um delegado na morte da missionária Dorothy Stang, em 2005. A intenção é descobrir se Marcelo Luz forneceu a arma que foi usada no crime. Na época, ele era delegado de Anapu (766 km de Belém), município onde a religiosa foi morta. Outra questão a ser apurada é se Luz cobrava propina dos fazendeiros para expulsar agricultores que invadiam propriedades da região. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Em entrevista à publicação, o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, condenado como mandante da morte, afirmou que o delegado lhe pediu R$ 10 mil em troca da proteção de sua propriedade contra invasores ligados a Dorothy.
Uma das investigações corre no âmbito administrativo e pode culminar em punições na corporação. A outra é policial e pode resultar em denúncia na Justiça contra o delegado, que hoje atua na delegacia de Viseu (307 km de Belém). De acordo com a assessoria da Polícia Civil, o delegado não se pronuncia sobre o caso. Ele já havia negado essas acusações.
A origem da arma que matou Dorothy, um revólver calibre 38, é uma das lacunas do caso. A PF descobriu que ela foi comprada em uma loja de armas em Alagoas, mas não conseguiu rastrear como a arma chegou até Anapu. A arma foi usada por Rayfran das Neves Sales para dar seis tiros à queima-roupa na missionária. Ele confessou o crime, em coautoria com Clodoaldo Batista. Ambos foram condenados. O que faltou descobrir foi como essa arma chegou ao fazendeiro Amair Feijoli, conhecido como Tato, cujas terras eram visadas por Dorothy para serem transformadas em assentamento rural. Tato confessou ter dado a arma usada por Rayfran. Em março, ele disse à revista Época que o delegado Marcelo Luz lhe deu a arma para que se protegesse de invasões em sua terra.