Ao lembrar hoje (27) o brutal assassinato do jornalista Vladimir Herzog, ocorrido há exatos 37 anos nas dependências do DOI-CODI, do 2º Exército, em São Paulo, o presidente da OAB do Rio de Janeiro, Wadih Damous, afirmou que mais de cem mil pessoas foram mortas e quatro centenas de milhares torturadas durante os governos autoritários do Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai.
Segundo Damous, a Comissão Nacional da Verdade vai ter muito trabalho, principalmente na investigação das ações da Operação Condor e a aliança política e militar entre o Brasil e quatro países da América Latina.
No dia 25 de outubro de 1975 foi, oficialmente, 'encontrado enforcado com o cinto de sua própria roupa' nas dependências do DOI-CODI, em São Paulo, o jornalista Vladimir Herzog. Embora a causa oficial do óbito, divulgada pelos órgãos de repressão da época, seja suicídio por enforcamento, há consenso na sociedade brasileira de que ela resultou de intenso processo de tortura. Herzog tornou-se um símbolo da luta pela democracia, pela liberdade, pela justiça.
Recentemente, atendendo a pedido da Comissão Nacional da Verdade, o juiz Márcio Martins Bonilha Filho, da 2ª Vara de Registros Públicos do Tribunal de Justiça de São Paulo, determinou a retificação do atestado de óbito de Vladimir Herzog. Pela determinação judicial, daqui para a frente constará que a morte do jornalista 'decorreu de lesões e maus-tratos sofridos em dependência do 2º Exército-SP'.
Segundo Damous, ao determinar a retificação do atestado de óbito do jornalista Vladimir Herzog a justiça pôs fim a uma mentira oficial mantida durante 37 anos, substituindo-a pela verdade finalmente reconhecida: Herzog foi morto em consequência de torturas enquanto estava sob a custódia do Estado, preso nas dependências do DOI-Codi, do 2º Exército, em São Paulo.
Ao pedir ao Judiciário paulista a correção no atestado para fazer constar as causas reais da morte do jornalista, a Comissão Nacional da Verdade fez mais do que dar sequência à correção de uma falsidade histórica; ela abriu caminho para que mais parentes de vítimas requeiram as retificações pertinentes. Agiu, como lhe compete e salientou o juiz Márcio Bonilha, recomendando medidas destinadas à efetiva reconciliação nacional, promovendo a reconstrução da história.
Vlado Herzog (Osijek, natural da Croácia (à época ainda parte do Reino da Iugoslávia), nasceu em 27 de junho de 1937 . Naturalizado brasileiro, Vladimir também tinha paixão pela fotografia, atividade que exercia por conta de seus projetos com o cinema.