A poucos dias da realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2012 - e de completar um ano do vazamento de 13 questões da prova entre alunos do Colégio Christus, de Fortaleza -, o procurador da República Oscar Costa Filho, responsável pelo pedido de anulação das perguntas que vazaram, acredita que o principal fator que tem prejudicado o teste ao longo dos anos é a falta de transparência.
"É o que está faltando em todo o processo que envolve a prova, desde a logística e segurança até a fase de elaboração. Isso tudo compromete os resultados que a gente gostaria de obter, que seria o de um exame sem erros", disse em entrevista exclusiva ao Terra.
Para Oscar, o fato de ainda não se saber o motivo do vazamento das questões no ano passado deixa em aberto a credibilidade do atual formato. "Anteriormente, tivemos 'vícios' por conta da sistemática de aplicação e fiscalização da prova. Já agora, possuímos um 'vício' que é interno, que diz respeito à própria sistemática da prova. Esse nos preocupa mais, pois como o processo ainda não tramitou, nós não conseguimos saber o que causou o vazamento das questões. Nós sabemos quem são os acusados, mas ainda não sabemos a extensão do problema como um todo", afirma.
A ação que ainda tramita na Justiça Federal pede a anulação de 13 questões da última edição da prova. Após a decisão tomada pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (sediado em Recife/PE), que pede a anulação de tais questões somente para 639 alunos do 3º ano do ensino médio do Colégio Christus, de Fortaleza (CE), o juiz Federal da 1ª Vara/Ceará, Luís Praxedes Vieira da Silva pediu, no último mês de agosto, a suspensão da liminar, requerendo ainda a anulação das questões para todo o País.
Até agora, somente o professor do colégio, Jahilton José Motta, foi acusado de ser o responsável pelo vazamento das questões. Oscar Costa Filho acredita não ter sido essa a decisão mais acertada. "A prova está no fato de o Ministério Público ter recorrido. Ele (MP) entende que todos os atos estão interligados", frisa o procurador.
Tal indefinição, segundo ele, impossibilita a realização de provas seguras e livres de fraude. "Como foi um vício interno, nós não podemos garantir que isso não vá se repetir. Tudo isso tem relação com a insuficiência do Banco Nacional de Itens e a nossa segurança só existiria se esse banco tivesse um número bem superior de questões. Então, enquanto a oferta de questões do banco não for suficientemente abastecida, nós não teremos nenhuma garantia da imunidade do sistema", conclui.