A ampliação no prazo de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), anunciada nesta quarta-feira (25) pela presidente Dilma Roussef, animou o setor automobilístico e os especialistas do mercado. "Acho que foi uma ótima decisão", afirmou o economista Mauro Rochlin, professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec).
As medidas de desoneração tributária para o setor automobilístico ajudam a reanimar todo o setor industrial, que está passando por "grandes dificuldades", analisa Rochlin. "O setor vem sofrendo muito com o câmbio valorizado, que é uma questão central hoje na economia. Por isso eu acho que foi uma medida acertada, pois estimula um setor que, como um todo, corresponde a cerca de 25% da indústria brasileira", afirma.
Segundo o especialista, o estímulo pode "contaminar" outras áreas da indústria brasileira, beneficiando o setor. "No primeiro trimestre desta medida, vimos um aumento na produção, no crescimento do país. Acho que o próprio setor ainda não está acreditando totalmente na recuperação da economia. Então, é por isso que esta medida é importante, pois estimula", analisa.
Também economista, Daniel Souza, professor do Clio Internacional, destacou o impacto que as vendas maiores de carro terão no trânsito das grandes cidades brasileiras. "Você está abdicando de um imposto que poderia ser investido, por exemplo, no transporte público. As grandes cidades brasileiras não comportam mais tantos veículos. A medida é boa pelo lado da indústria, da produção, do crescimento. Mas tem seus impactos negativos", analisa.
Críticas
A partir de 1º de janeiro de 2013, entra em vigor o regime automotivo Inovar-Auto, que exige a nacionalização de processos e investimentos no Brasil para a desoneração de impostos.
Dilma defendeu o programa dizendo que é necessário gerar conhecimento e tecnologia no País. De acordo com ela, o Brasil é um mercado "apetecível" como teria dito uma ministra de um país latino-americano. "Queremos gerar tecnologia, por isso insistimos tanto na formação. Temos de cuidar da nossa indústria e o programa é dizer para a indústria 'queremos te apoiar'", declarou.
Dilma Rousseff ouviu do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, uma reclamação em relação ao programa . De acordo com o sindicalista, o Inovar-Auto "não garantiu o desenvolvimento do País". Já o presidente da Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva), Flávio Padovan, disse que os importadores não podem ser vistos como inimigos.
A presidente da República fez ainda uma separação entre o momento vivido pelo mercado brasileiro e o atual dos países desenvolvidos - a quem chamou de mercado maduro. Dilma afirmou que a classe média está sendo "destruída" na Europa. "É um cenário totalmente distinto dos países desenvolvidos, onde os mercados estão maduros e a classe média está sendo destruídas notadamente nos países europeus", declarou. Ela afirmou ainda que o Brasil está comprometido com um gasto menor de energia e exaltou a matriz energética do País. "O mínimo de energia renovável em nossos carros é de 20%".
Dilma esteve no 27º Salão do Automóvel de São Paulo acompanhada do governador do Estado Geraldo Alckmin (PSDB), do ministro das Cidades Aguinaldo Ribeiro e do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Além do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), entre outras autoridades.
Mantega diz que essa deve ser última redução
Com Portal Terra