Um acordo firmado entre o PT e o PMDB assegura o encerramento da Comissão Parlamente de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira, que investiga a relação do contraventor e agentes do governo, sem levar adiante as investigações que poderiam esclarecer o envolvimento de políticos no esquema.
Os dois partidos temem ser atingidos pela continuidade das apurações. As informações são do jornal Folha de S.Paulo. A comissão retoma os trabalhos nesta terça-feira, após um mês de paralisação por causa das eleições, com o depoimento do deputado federal Carlos Alberto Lereia (PSDB-GO), suspeito de ter recebido favores de Cachoeira.
De acordo com o jornal, o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), já avisou ao partido que apresentará seu relatório final em duas semanas, como estipulado pelo calendário da comissão, mesmo que haja pedidos de prorrogação das apurações.
"Se o relatório for apresentado a tempo não há razão para prorrogar", defende o deputado Paulo Teixeira (PT-SP). "Eu sou totalmente contra encerrar a CPI agora sem concluir as investigações", discorda o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). A ala petista favorável à prorrogação da comissão quer prolongar a sangria política do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), suspeito de beneficiar Cachoeira, e avançar na investigação das ligações de jornalistas com o empresário.
Mas o relator, segundo o jornal, age afinado com o Palácio do Planalto, que prefere encerrar os trabalhos a expor o governo a riscos. O depoimento à CPI de Luiz Antonio Pagot, ex-diretor do Dnit (órgão federal de estradas) teria preocupado o Planalto. Ele disse ter sido antiético um pedido feito a ele pela campanha da presidente Dilma Rousseff, em 2010, para listar arrecadadores entre empreiteiras.
Para livrar o governador de Goiás, o PSDB teria aceitado deixar de pressionar pela prorrogação dos trabalhos. "Se teve acordo não me consultaram", disse o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), líder do partido.