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Defesa de Dirceu questionará voto de Barbosa com memorial

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O advogado de José Dirceu, José Luiz de Oliveira Lima, afirmou nesta quarta-feira que pretende rebater pontos do voto do ministro Joaquim Barbosa até sexta-feira em um novo memorial repassado a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Confiante na absolvição de seu cliente, Oliveira Lima preferiu não comentar o voto do relator, que condenou o ex-ministro da Casa Civil pelo crime de corrupção ativa.

"A defesa vai se pronunciar no fim do julgamento, mas quero ratificar que tenho confiança na absolvição do meu cliente, uma vez que as provas da Ação Penal 470 (como o mensalão é chamado no Supremo) demonstram a total improcedência da acusação do Ministério Público", disse.

O ministro Joaquim Barbosa, relator da ação penal do mensalão, votou nesta quarta-feira pela condenação de oito réus por corrupção ativa, entre eles o ex-ministro José Dirceu. Barbosa dedicou grande parte da sessão, a 31ª sobre o tema no Supremo Tribunal Federal (STF), para falar apenas do ex-chefe da Casa Civil, por vezes citando a participação de Valério e Delúbio no esquema.

Na leitura do voto, Barbosa hierarquizou a conduta de cada um dos réus. No primeiro grupo, topo da cadeia de comando, estaria José Dirceu, classificado pelo ministro como "organizador e mandante dos crimes de corrupção ativa". Delúbio e Marcos Valério estariam no segundo escalão. No terceiro grupo, José Genoino ficaria a cargo de negociar com alguns parlamentares, além de ter assinado os empréstimos do PT com o Banco Rural e o BMG. O quarto nível conta com os sócios de Valério, responsáveis pelos repasses de dinheiro aos destinatários finais por meio de suas empresas.

Barbosa narrou passo a passo a relação de Dirceu com Marcos Valério e a cúpula do Banco Rural, e os consequentes repasses de dinheiro a parlamentares. O esquema, segundo o relator, funcionou da seguinte maneira: Dirceu se reuniu com Valério e diretores do Rural e do BMG para tratar dos empréstimos; após esses encontros, os bancos concederam empréstimos às agências de Valério. Esses empréstimos serviram para fornecer o dinheiro que era distribuído aos parlamentares enquanto Delúbio indicava quem deveria receber e Simone Vasconcelos, da SMP&B, tinha uma sala no Banco Rural no Brasília Shopping para entregar os recursos. Nesse meio tempo, Dirceu se reunia com deputados para fechar o apoio ao governo nas votações no Congresso.