Arquivos da facção criminosa PCC apreendidos pela polícia mostram que a organização paga sistematicamente policiais civis, além de fazer supostos acordos com PMs para atuarem juntos em assaltos. Os documentos são uma espécie de livro-caixa do crime, e as informações, identificadas como "percas", estão em parte dos 400 documentos já nas mãos da polícia e do Ministério Público. Os arquivos mostram ainda que o PCC está em 123 das 645 cidades paulistas e possui 1.343 bandidos. A documentação norteia a atuação da polícia e já embasou pelo menos duas denúncias judiciais de promotores. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
As planilhas citam a cidade ou a delegacia em que os policiais atuam, a situação em que a extorsão ocorreu, mas não dá nomes. Em uma delas, apreendida na Baixada Santista, os criminosos dizem que policiais de Mauá recebiam cerca de R$ 10 mil por semana. Os papéis revelam ainda um caso, de junho de 2011, de um criminoso que diz ter pago R$ 150 mil para ser libertado por policiais do Deic.
O MP diz que somente a investigação poderá concluir se houve propina, mas não descarta a possibilidade de algum criminoso ter inventado a história para justificar desvios da própria facção. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou na segunda-feira que há muita lenda sobre facções criminosas em São Paulo. "Aqui bandido não cria nome", declarou. "São Paulo tem sistema penitenciário forte, polícia trabalhando", disse o tucano.