O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lançou nesta quarta-feira, em Brasília (DF), um relatório sobre a situação dos adolescentes brasileiros. Na área da educação, o órgão aponta que 20% dos adolescentes entre 15 e 17 anos estão fora da escola, em uma faixa etária que abrange praticamente todo o ensino médio. Quando analisada a faixa de 6 e 14 anos a situação é mais tranquila, com apenas 3% fora da escola.
O relatório analisa a situação de meninas e meninos de 12 a 17 anos a partir da evolução de 10 indicadores entre 2004 e 2009. O documento também traz uma análise das políticas públicas desenvolvidas no Brasil e propõe um conjunto de ações a serem tomadas para garantir a realização dos direitos de todos e de cada adolescente.
Vivem hoje no Brasil 21 milhões de meninos e meninas entre 12 e 18 anos (incompletos), o que equivale a 11% da população brasileira. Na área da educação, o Unicef propõe como uma ação imediata o estabelecimento de um plano específico no Plano Nacional de Educação (PNE) para os adolescentes fora da escola, em risco de evasão ou retidos no ensino fundamental. O PNE estabelece 20 metas para a educação brasileira nos próximos dez anos e é analisado na Câmara dos Deputados.
"O Unicef quer propor um novo olhar. Um olhar que reconheça que os adolescentes são um grupo em si. Ou seja, não são crianças grandes, nem futuros adultos. São sujeitos, com direitos específicos, vivendo uma fase extraordinária de sua vida", disse Marie-Pierre Poirier, representante do Unicef no Brasil.
Violência
Em relação aos homícidios, o Unicef aponta que, em 2009, a taxa de mortalidade entre adolescentes de 15 a 19 anos era de 43,2 para cada grupo de 100 mil adolescentes, enquanto a média para a população como um todo era de 20 homicídios para cada 100 mil.
O documento também diz que, entre os adolescentes, alguns sofrem essas violações de forma mais severa. Isso faz com que um adolescente negro tenha quase quatro vezes mais risco de ser assassinado do que um adolescente branco. Também mostra que um adolescente indígena tem três vezes mais possibilidade de ser analfabeto do que os adolescentes em geral.
Já o indicador da extrema pobreza entre os adolescentes, por exemplo, registrou um pequeno aumento, enquanto a tendência na população geral é de queda. De acordo com o Unicef, isso significa que houve um aumento da representação dos adolescentes na população pobre.