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Jornalista pega 14 anos por matar menino em briga de trânsito no MS

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O jornalista Aguinaldo Ferreira Gonçalves, 62 anos, foi condenado em um júri popular nesta terça-feira pela morte do menino Rogério Pedra Neto, 2 anos, atingido com um tiro no pescoço após uma discussão de trânsito entre Gonçalves e o tio da criança, em novembro de 2009, em Campo Grande (MS). Ele pegou 14 anos, cinco meses e nove dias de prisão, mais 10 dias de multa (meio salário mínimo cada dia), por homicídio simples e tentativa de homicídio contra o tio, o avô e a irmã do menino, então com 5 anos, que estavam no carro com a criança, além de porte ilegal de arma.

Gonçalves, dono do semanário Independente, disse à polícia que foi fechado e ameaçado por Aldemir Pedra, tio da vítima, que conduzia uma caminhonete. Ele afirmou ter atirado "quatro ou cinco vezes" na direção do veículo, mas que não havia visto a criança sentada na parte traseira do veículo. Na reconstituição do crime, porém, ficou comprovado que era possível que o jornalista enxergasse todos os ocupantes da caminhonete. Rogério foi atingido na cabeça e morreu horas depois. Seu avô, Paulo Afonso Pedra, foi baleado no rosto.

O jornalista fugiu do local do crime, mas se apresentou à polícia no mesmo dia. Ele ficou preso até fevereiro de 2010, quando conseguiu na Justiça o direito de responder ao crime em liberdade. Em maio do mesmo ano, no entanto, ele se mudou para São Paulo sem comunicar a Justiça de Mato Grosso do Sul, teve o habeas-corpus revogado e voltou para a cadeia.

Durante depoimento, a mãe do menino, Ariana Mendonça Pedra, 24 anos, chorou ao lembrar que tinha ido comprar uma árvore de Natal e que, quando voltou para casa, recebeu a notícia da morte do filho. O tio, o avô e uma testemunha que presenciou a discussão no dia do crime também foram ouvidos.

A defesa do jornalista tentou desqualificar as tentativas de homicídio contra a irmã de Rogério e Aldemir, que não foram atingidos pelos disparos. Porém, o júri composto por quatro mulheres e três homens entendeu que os tiros disparados por Gonçalves poderiam ter atingido também os demais ocupantes do veículo.

O advogado Valdir Custódio da Silva, defensor do jornalista, afirmou que recorrerá em relação às qualificações de tentativa de homicídio contra a irmã e o tio do menino, o que poderá reduzir a pena final entre dois e três anos. "A decisão foi favorável. Eles queriam que o réu fosse condenado a uma pena de 30 anos, que seria uma verdadeira pena de morte. Após um sexto da pena, ele poderá voltar para sociedade, cuidar da sua família, cuidar dos seus negócios. Vou respeitar a decisão da população de Campo Grande, não vou recorrer do mérito, mas sim das questões técnicas", disse.

Gonçalves ficará preso em regime fechado no centro de triagem do presídio de Campo Grande. Porém, poderá ir para o regime semiaberto em seis meses, uma vez que já cumpriu um ano e seis meses de prisão e chegará a um sexto da pena.

Família

Pouco antes da sentença, a mãe de Rogério deixou o Tribunal do Júri. A avó, Adriana Mendonça Pedra, 41 anos, foi a única que conversou a imprensa e afirmou que a família saiu aliviada com o resultado.

"Nada melhor do que sair daqui, com ele condenado pelo crime brutal que ele cometeu. Rogerinho poderia estar com aquele tamanho, como o daquele menino. O caso não caiu na banalidade, no esquecimento. Minha filha foi embora, ainda não comentei o resultado porque ela já foi muito machucada, torturada com a morte do Rogerinho, não sei como ela vai reagir", disse.