Mesmo após a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) ter pedido a obstrução de votação do Código Florestal na Comissão de Meio Ambiente nesta quarta-feira, parlamentares continuam negociando um acordo com ruralistas. A intenção dos mais otimistas é aprovar um texto consensual e enviar o projeto a plenário na próxima semana.
Nesta terça-feira (22), Kátia Abreu convocou coletiva para dizer que há pontos "inegociáveis" e que os ruralistas apresentariam nove emendas ao projeto, o que poderia travar a votação. À Terra Magazine, o senador Waldemir Moka (PMDB-MS) contestou a colega: "Ela fala por ela, não fala por mim". Mais cedo, Moka havia se reunido com o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, e deputados da Frente Parlamentar de Agropecuária. Ele avalia que o ideal seria evitar a apresentação de emendas na quarta. "Vamos trabalhar por um texto de consenso", afirma.
Entre os pontos mais polêmicos da votação está a recuperação de áreas desmatadas. O texto do relator Jorge Viana (PT-AC) inclui regras para recomposição de Área de Preservação Permanente (APP) desmatadas irregularmente. O novo texto obriga a recomposição de parte das áreas de mata na margem dos rios.
Apesar da resistência e do discurso duro de Kátia Abreu, o presidente da Comissão de Meio Ambiente, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), afirma que "estamos mais próximos de um entendimento do que nunca". Uma série de destaques polêmicos vinha sendo arrastada de outras comissões para ter um destino apenas nesta, a última. Diante do novo texto, eles não serão mais considerados.
Rollemberg diz que a questão da recomposição de APPs será a mais difícil de incluir num acordo capaz de evitar emendas: "É o desafio de entendimento nevrálgico". Ele acredita, porém, que os parlamentares "tendem a preservar o conceito" do relatório de Viana, um tanto mais rígido que os anteriores.