Os professores da rede estadual de educação de Minas Gerais voltaram para as salas de aula na última quinta-feira, mas as escolas já enfrentam problemas para fazer a reposição dos 112 dias parados.
Segundo a diretora de uma escola de Belo Horizonte, que pediu para não ter a identidade divulgada, a maioria dos alunos resiste em comparecer às aulas aos sábados e também a estender o turno até o sexto horário.
A escola, localizada na região nordeste da capital, ficou paralisada parcialmente durante a greve da categoria. Dos cerca de 80 professores, 40 permaneceram parados até a última quarta-feira. O calendário da escola prevê aulas até janeiro de 2012, com a utilização de todos os sábados como letivos e com a criação de um sexto horário em cada um dos turnos.
"Durante a greve os alunos vinham para a escola pensando que iriam ter aula, mas os professores não apareciam. Eu precisava mandá-los embora. Agora que os professores voltaram, eles não aceitam a realização do sexto horário nem das aulas aos sábados. Eles dizem que não foi uma greve deles", afirmou.
A diretora explicou que o problema maior é com os alunos do ensino médio da manhã, que trabalham e estudam após a escola e não querem ficar mais tempo. "Na quinta de manhã foi uma guerra para convencê-los a ficar em sala. A maioria foi embora", contou.
A diretora disse também que, do outro lado, os professores estão procurando todas as brechas para pagarem as aulas que faltaram o mais rápido possível. Enquanto o Terra esteve na escola, uma das professores que participou de greve foi até a diretora para perguntar se as aulas que ela daria no dia para substituir uma professora que estava doente poderiam ser consideradas aulas de reposição.
A diretora disse que não e explicou para ela todas as regras. "Aqui na escola o professor só vai pagar diante das regras e da legislação da Secretaria Estadual de Educação", afirmou.
Para que o dia seja considerado letivo, a Secretaria Estadual de Educação afirmou que é necessário haver metade mais um dos alunos em sala de aula. A diretora mostrou a preocupação com relação aos sábados letivos. "Com a resistência que estamos tendo dos alunos, se aos sábados não houver o número mínimo nós vamos ter que atrasar o nosso calendário e avançar mais em janeiro", concluiu.
Segundo a secretaria, cada escola estipulou o seu próprio calendário de reposição, de acordo com o número de dias em greve. Para as escolas que permaneceram paralisadas até o dia 28 de setembro, a previsão é a de que as aulas terminem no início de março de 2012.
Se houver casos como o descrito pela diretora, a secretaria disse que os dias não poderão ser considerados como letivos e, com isso, o calendário poderá ser estendido ainda mais.