O deputado federal e ex-ministro da Igualdade Racial Edson Santos (PT-RJ) informou nesta quinta-feira que encaminhou ao Ministério da Justiça, à Procuradoria Geral da República, à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República uma denúncia contra a empresa de recursos humanos Resilar, sediada em São Paulo, flagrada pela a reportagem de O Dia utilizando critérios raciais para a oferta e seleção de funcionários aos seus clientes.
No documento protocolado, o deputado pede que "levando em conta a ampla legislação brasileira que pune com prisão o crime de racismo, solicito as providências cabíveis para que esse flagrante caso de racismo não permaneça impune".
Criado em 1989, o Estatuto da Igualdade Racial pune com pena de prisão de um a três anos o preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Para o deputado federal o site (www.resilardomesticas.com.br) da empresa é uma forma de segregação racial.
Em telefonema da redação de O Dia à Resilar, um repórter se fez passar por contratante, e uma funcionária da empresa confirmou que o critério de seleção é baseado na etnia. Ao pedir informações sobre opções de perfil de empregada doméstica, a funcionária respondeu: "o senhor tem que me dizer o serviço que ela vai exercer na residência, a idade, alguma preferência de etnia...", disse. Depois, disse que a pergunta sobre etnia é feita para evitar possível "constrangimento" durante a fase de entrevistas, em que empregado e patrão em potencial ficam cara a cara.
Em visita à sede da empresa, em São Paulo, a equipe de O Dia perguntou a uma funcionária da Resilar os critérios da escolha de uma empregada doméstica e também ouviu como resposta que a cor da pele é usada como fator de seleção.