A Polícia Civil retirou nesta sexta-feira cerca de 30 pacientes da Clínica Recanto da Paz, em Jaguariúna (SP), a 123 km da capital paulista, após receber denúncias de que eles sofriam maus tratos e eram mantidos em cárcere privado. Os internos faziam tratamento contra dependência química.
A retirada dos internos ocorreu por intervenção da Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). De acordo com o advogado José Antonio Amim, a OAB recebeu dezenas de denúncias contra a clínica.
Segundo Amin, o estabelecimento foi acusado de manter os internos em regime de cárcere privado, maltratá-los e promover tráfico de drogas. De acordo com as denúncias, "os funcionários batiam (nos pacientes) do pescoço para baixo para não deixar marcas no rosto. Usavam todo tipo de agressão", disse o advogado.
Amin contou também que os familiares acusaram os funcionários de obrigarem os internos a utilizar medicamentos para depois serem trancados longe da visita dos parentes. "Quando entrei na clínica os pacientes estavam traumatizados. Eles falaram que eram obrigados a tomar um coquetel de drogas e não comentar isso com ninguém".
De acordo com o advogado, outro agravante contra a instituição é a insalubridade do local, que o torna inadequado para o tratamento de saúde a que se propõe.
Os internos foram removidos da clínica em um ônibus para prestar depoimento. Como na delegacia não havia espaço disponível, eles depuseram no prédio do Fórum.
O proprietário da Clínica Recanto da Paz iria prestar depoimento acompanhado de um advogado. A Polícia Civil vai ouvir as partes e deve abrir um inquérito para averiguar o caso. A Promotoria e a OAB prometem acompanhar. Ninguem foi preso.