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Baixo rendimento em língua portuguesa no Enem 2010 preocupa especialista

Português e redação obtiveram as menores média no último processo seletivo

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A média das notas de língua portuguesa – juntando gramática e redação – foi a mais baixa do Enem 2010. Este dado, junto ao fato de já ter passado um ano e meio desde a implantação do novo acordo ortográfico, preocupa o professor Ernani Pimentel. De acordo com ele, as chamadas novas regras em nada favorecem o aprendizado da ortografia, pois algumas delas ficaram ainda mais confusas e suas inúmeras exceções foram mantidas. “Em verdade de novo esse acordo não tem nada. E as mudanças que foram feitas são ilógicas, sendo algumas desnecessárias enquanto muitas ficaram sem ser feitas”, detona Pimentel.

Dados que sustentam a tese de Pimentel são encontrados em grande quantidade nos testes de português do ENEM, que se tornou a principal forma de ingresso na maioria das universidades. Erros em acentuação, hífen e outras mudanças implementadas pelo novo acordo não são difíceis de se encontrar. É muito comum uma pessoa não saber se é pan-americano ou panamericano, por exemplo.

Idealizador do Movimento Acordar Melhor, Pimentel defende uma reforma que torne a escrita da língua realmente mais simples e lógica, libertando todos da decoreba e da escravidão aos dicionários. Com quase 50 anos de experiência no magistério, Pimentel lembra que as incoerências da ortografia devem ser corrigidas e o ensino, dessa forma, facilitado. “A ideia é que os alunos aprendam e não decorem, como é feito até hoje. Ninguém sabe, por exemplo,  explicar logicamente o porquê de o verbo estender se escrever com “s” e extensão com “x”. Tem coerência?” – questiona, em tom de insatisfação.

De todos os países que assinaram o Novo Acordo, o Brasil foi o único a adotá-lo, mas ainda assim, a maioria da população se sente desconfortável e insegura na hora de escrever. Para o professor, essa insegurança é de todos. “Tenho quase 50 anos de carreira e posso dizer que nenhum professor de português, sabe escrever em português, conforme o Acordo”, polemiza, acrescentando que uma ortografia mais simples e coerente não só facilitará o ensino como também promoverá a inclusão social. “ Quanto mais raciocínio for agregado ao ensino da língua, mais fácil será o aprendizado e mais pessoas vão saber escrever corretamente. Isso faz com que cada vez menos as pessoas se sintam envergonhadas ou excluídas na hora de redigir um texto”, finaliza.