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Polícia usa equipamento militar para resolver crimes em SP

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O Instituto de Criminalística da Polícia Civil de São Paulo passa a contar neste mês com novos equipamentos que ajudarão na elucidação de crimes e tornarão o trabalho dos peritos mais rápidos e precisos. Entre as novidades estão câmeras fotográficas capazes de medir a radiação térmica, inclusive no escuro, um laboratório de voz e um comparador espectral, que permite verificar com mais precisão a falsificação de documentos ou de cédulas monetárias. O núcleo de informática do setor recebeu cerca de R$ 3,5 milhões em novos equipamentos.

O núcelo de perícias em crimes contra a pessoa está finalizando a fase de testes das novas cinco câmeras que possibilitam medir a radiação térmica em um ambiente. De acordo com o perito diretor do setor, José Antonio de Morais, esse tipo de equipamento foi desenvolvido em um primeiro momento para uso militar, mas que poderá trazer ganhos para a investigação da polícia paulista.

"Recebemos cinco equipamentos desse tipo. Com ele, por exemplo, podemos encontrar um projétil em uma área extensa como a de um campo de futebol, somente pela variação de temperatura do chumbo em relação ao meio ambiente. A olho nu seria praticamente impossível", diz.

Segundo ele, outro exemplo de utilização do equipamento, em uma cena de crime, é a possibilidade de encontrar um corpo que esteja emparedado, por exemplo. "Nesse caso, é possível descobrir que há algo ali somente pela diferença de temperatura. Se tivermos de quebrar para descobrir algo, é naquele ponto que vamos fazer, o que permite uma maior precisão no trabalho", diz.

De acordo com o perito, ao encontrar um corpo de alguém que tenha morrido há menos de 12 horas, o equipamento, também pela temperatura, pode apontar o horário aproximado da morte em poucos instantes. "Nós temos uma máxima que é 'o tempo que passa é a verdade que foge' Nisso, os novos equipamentos vão nos auxiliar muito", afirma.

O também perito criminal Francisco de La Regina terá a partir de agora um novo laboratório de voz e softwares que permitirão realizar em até 20 dias trabalhos de levavam até quatro meses.

O laboratório serve por exemplo para comparar material de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça com a voz de um suspeito de algum crime. No caso, o suspeito é levado até o laboratório e passa por uma rápida entrevista. A voz é registrada para posterior comparação.

"Aplicamos o teste em um imitador 'perfeito' do ex-presidente Lula e a máquina detectou que não se tratava da mesma voz quando a original foi comparada. Mesmo que a pessoa tente mudar a voz, é possível chegar a uma comparação segura", diz.

O Instituto de criminalística recebeu no total 32 kits contendo softwares e hardwares para investigação e perícias de crimes digitais. Estima-se que em média os peritos analisem cerca de 400 casos por mês, entre crimes de pornografia infantil, estelionato, violação de direito autoral e crimes funcionais. Destes, cerca de 30% demandam perícias em computadores, discos rígidos e pen-drives.

Outro perito, Luiz Mantecca, diz que o novo "comparador espectral" irá tornar o trabalho de identificar falsificações em documentos e em cédulas monetárias muito mais preciso.

"Com a possibilidade de se jogar diversas luzes diferentes sobre esses documentos, podemos mostrar com precisão quando há uma falsificação, por mais perfeita que ela possa parecer. Temos experiência no trabalho, mas um material dessa qualidade torna o serviço muito mais preciso", diz.