Vivianne Paixão, Portal Terra
ARACAJU - A Polícia Civil de Sergipe apresentou na manhã desta sexta-feira quatro integrantes de uma quadrilha especializada em furtos a condomínios de luxo. Dois homens e duas mulheres foram presos na quinta-feira no aeroporto internacional de Maceió. Eles também são acusados de agir em Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, São Paulo, entre outros Estados. Segundo a polícia, só em Sergipe o grupo teria lucrado entre R$ 600 e R$ 800 mil.
As investigações foram iniciadas em Sergipe no mês de julho, com a gravação feita pelo circuito interno de TV de um condomínio de luxo de Aracaju. As suspeitas foram flagradas invadindo um apartamento no décimo andar, com fita crepe nas mãos, para não deixar impressões digitais, e saindo com objetos roubados. De acordo com a polícia, apenas um bracelete levado pelo grupo custava R$ 98 mil. Com a prisão em Maceió, outras jóias foram recuperadas, além de dólar, dinheiro brasileiro, perfumes importados, celulares, óculos, cartões de crédito, folhas de cheque, máquina filmadora e chaves "michas", utilizadas para abrir as portas dos apartamentos sem a necessidade de arrombá-las.
Três dos quatro suspeitos são paulistas e retornaram a São Paulo depois que cometeram o assalto em Aracaju. O outro acusado nasceu em Arapiraca, Alagoas, morava em São Paulo e ficou cerca de 30 dias escondido na cidade de Carira, interior de Sergipe, na casa de parentes. O delegado sergipano Cristiano Barreto, responsável pelas investigações, afirma que a quadrilha tem experiência em assaltos a condomínios de luxo e que ganhou repercussão nacional quando invadiu prédios e expôs a fragilidade desses empreendimentos na capital paulista. Uma das duspeitas, no entanto, confessa apenas dois assaltos em Aracaju e diz que a polícia está tentando culpar o grupo por delitos que ela não cometeu.
"Tem um monte de quadrilha aí e a polícia quer enfiar os B.Os dos outros na gente, isso não pode. Se eu tivesse R$ 600 mil não estava presa. Fizemos dois assaltos aqui em Aracaju, em São Paulo foi há muito tempo. Agora a necessidade apertou, foi mais alta, mas eu não deveria ter feito isso, porque não vale a pena", disse a acusada, que já foi condenada quatro vezes e tem uma condenação em aberto pela justiça da Paraíba. O marido dela também cumpre pena no sistema prisional paulista pela prática de crime semelhante.
O delegado Cristiano Barreto afirmou que a quadrilha precisou vir para o Nordeste após praticar vários assaltos no Sudeste do país. "A informação do grupo é de que a vigilância nos prédios em São Paulo tem redobrado e lá a ação deles estava saturada, eles precisavam modificar e partir para Estados da Federação onde a prática desse crime não seja comum".
A ação do grupo denunciou uma deficiência no sistema de segurança dos condomínios de Aracaju. As imagens do circuito interno de TV de um dos prédios visitados pelos criminosos mostram a facilidade que as mulheres tiveram para entrar na edificação sem serem abordadas por nenhum funcionário. "Sobre o material furtado em Sergipe, eles revelaram em depoimento que já repassaram o material para fornecedores e que as jóias já foram derretidas e vendidas", disse Cristiano.