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Dilma faz festa feminina contra rejeição a mulher no Planalto

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Cláudio Leal, Portal Terra

BRASÍLIA - Produzida pelo marqueteiro João Santana Filho, a festa para a sagração de Dilma Rousseff como candidata do PT à presidência da República, neste domingo (13), teve por mote a história e as lutas da mulher no Brasil e incorporou toques afro-brasileiros, com referências diretas ao candomblé - quem sabe, uma resposta à convenção do PSDB, realizada um dia antes em Salvador. No discurso da candidata, o antídoto para a rejeição à presença de uma mulher no Planalto, revelada nas pesquisas que a mostram atrás do adversário tucano entre o eleitorado feminino: "mulher pode, sim, ser presidente da República", afirmou a ex-ministra, depois de contar a história da menina Vitória - repetida em quase todas as suas últimas intervenções -, que lhe revelou o sonho de ocupar o mesmo cargo, no futuro.

"Pois é para ela, e para as milhões e milhões de pequenas Vitórias e Marias, meninas deste Brasil que não sabem ainda que uma mulher pode ser presidente, é para elas que eu quero dedicar a minha luta", declarou Dilma.

Além de personagens históricas, mulheres mais ou menos conhecidas receberam homenagens no palco principal. Figurantes no proscênio: Maria da Penha, a inspiradora da lei contra a violência doméstica; Ilza de Nazaré, do Pará, organizadora de trabalhadores rurais; e Hildelene Lobato Bahia, a primeira brasileira capitã de cabotagem, entre outras.

Sintonizado com o espírito da festa petista, que treinou as militantes para cantarem o novo jingle, o presidente Lula brincou, antes da fala de Dilma: "vocês provam que cem mulheres juntas gritam mais do que cem homens".

A economista Maria da Conceição Tavares não pôde comparecer, por problemas de saúde, mas enviou uma carta à ex-aluna, apresentando-a como "discípula brilhante". A professora não deixou de insinuar um ataque ao também ex-aluno José Serra (PSDB): ela teve "outros discípulos brilhantes, mas a passagem pelo poder os afastou dos princípios originais".

Na galeria de mulheres símbolos da história do Brasil, Luíza Mahin, Maria Quitéria, Anita Garibaldi, Chiquinha Gonzaga, Patrícia Galvão e Mãe Aninha (do Ilê Axé Opô Afonjá, em Salvador), escaladas no vídeo dirigido por João Santana, baiano enredado na cultura afro-brasileira e presente nos bastidores da convenção nacional. "Com coragem, elas mudaram o Brasil".

Parte do tempero da Bahia veio da cantora Virgínia Rodrigues, o "Sol negro", ex-integrante do Bando de Teatro Olodum. Cantora admirada por Fernando Henrique Cardoso e Bill Clinton, que a levou para se apresentar na Casa Branca, ela abriu o evento com o hino nacional, acompanhada por tamborins e a cadência dos atabaques. Virgínia ainda narrou a saga feminina no Brasil, sem esquecer Leila Diniz e Nara Leão. "O Dia D! A Hora D! Dilma!", bradou.

Líder do governo na Câmara, o deputado Cândido Vaccarezza reconhece que Dilma se dirigiu ao eleitorado feminino na convenção, mas disse que este não será o eixo principal: "ela vai se centrar nos projetos para o País". Um dos coordenadores da candidatura, José Eduardo Cardozo afirma que a candidata "vai seguir essa linha, é a certa".

Os jingles cantados, entretanto, cumpriram a missão de dar musicalidade à banda feminista da estratégia: "depois do cara/ a gente vota na coroa/ A gente quer/ É gente boa". E um novo, em ritmo de forró universitário: "é a mulher e sua força verdadeira/Eu tô com Dilma/ Um grande brasileira".