Portal Terra
RECIFE - A Polícia Federal (PF) indiciou 11 empresários e executivos de sete empresas de transportes após operação Boa Viagem, que desarticulou um esquema que tinha como objetivo permitir o trânsito de veículos irregulares nas três maiores rodovias federais que cruzam Pernambuco (BR-101, BR- 232 e BR-408). Além disso, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) afastou 30 dos seus agentes e prendeu cinco por corrupção nas rodovias federais, após as descobertas da PF.
A ação foi liderada pela superintendência da PF em Pernambuco, mas contou com o apoio da PRF, que vinha investigando os envolvidos desde 2006, conforme o superintendente da PRF em Mato Grosso do Sul, Valter Favaro. O principal crime praticado pelos policiais foi o de corrupção e formação de quadrilha. "As empresas tinham como objetivo trafegar nas rodovias com veículos com excesso de peso", disse Favaro. A cada mês, os policiais envolvidos recebiam propina, numa média de R$ 400, conforme a investigação.
O delegado da PF, Ricardo Ennes, responsável pela operação, disse que a Boa Viagem pode ser considerada uma das ações mais emblemáticas já realizadas tendo como alvo funcionários públicos federais. "Até porque a corrupção nas rodovias pernambucanas tem uma história", afirmou. Outro aspecto positivo apontado pelo delegado é a identificação das empresas e executivos corruptores. Foram cumpridos 62 mandados de busca e apreensão, dez em repartições públicas e sete em empresas privadas (transportadoras e usinas) e 45 nas residências dos envolvidos.
Antes de desencadeada na manhã de hoje, a operação conseguiu gravar imagens que comprovam o pagamento de valores e obteve outras provas através de informações obtidas com a quebra de sigilo bancário e telefônico dos envolvidos, com autorização da Justiça. "Alguns dos policiais presos já confessaram o esquema, o que facilita as nossas investigações", afirmou Ennes.
Os 30 policiais afastados perderam a prerrogativa policial. Entre os presos, um foi flagrado com arma com calibre exclusivo de uso pelas Forças Armadas, crime inafiançável, e outro foi indiciado por receptação de veículo roubado. O inquérito corre em segredo de Justiça e por essa razão o nome das pessoas e empresas envolvidas não serão divulgados.