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GOINIA - O delegado Juracy José Pereira afirmou que o pedreiro Adimar de Jesus Silva, 40 anos, acusado de estuprar e matar seis jovens em Luziânia no começo do ano, é "altamente sugestionável" e muda os motivos para cometer o crime conforme é interrogado pela polícia. Interrogado na noite de segunda-feira pela Polícia Civil e a PF, ele voltou a apresentar versões conflituosas sobre a série de crimes.
De acordo com Pereira, que preside o inquérito da Polícia Civil, o pedreiro aos poucos vai "formatando" sua justificativa para as mortes, tentando desqualificar as vítimas. "O depoimento dele não é coerente, tenta criar motivação para o crime. Ele apresenta basicamente três versões, todas tentando denegrir a imagem das vítimas, dizendo, por exemplo, que eram usuários de drogas. O objetivo é montar uma história que justifique o injustificável. Quando ele percebe que o que está dizendo não tem coerência, ele vai mudando os detalhes, melhorando a versão", afirmou.
De acordo com o delegado, o depoimento não ajudou muito a esclarecer como os crimes aconteceram, mas serviu para concluir que não houve a participação de mais ninguém nos assassinatos: "Não há qualquer indício de que outras pessoas estão envolvidas. Ele dizia que havia, mas é uma pessoa altamente sugestionável. Se eu chegar nele e disser que era impossível ele fazer tudo sozinho, e perguntar se teve alguém que o ajudou, ele diz que sim. Se eu disser que ali é trabalho de três ou quatro pessoas, ele vai dizer que três pessoas ajudaram ele".
São basicamente três versões apresentadas por Silva para os crimes: de que matou os jovens em troca de dinheiro do tráfico, a serviço de uma rede de pornografia virtual e de que ouvia vozes que mandavam matar as vítimas. Para a polícia, a versão mais provável é que ele agia sozinho, de forma metódica e premeditada, atacando as vítimas por motivação sexual. Pereira diz que o preso oscila entre momentos de lucidez e confusão. "Mas é visível que ele é uma pessoa com transtornos mentais, que precisa de tratamento."
O delegado disse descartar no momento pedir a realização de exames de sanidade mental para Silva por não acreditar que isso seja uma prioridade. "Talvez mais para a frente isso seja necessário. Agora precisamos levantar a vida pregressa desse sujeito."
A oitiva acabou por volta das duas horas da manhã. Silva se encontra isolado em uma das três celas da Delegacia de Combate a Narcóticos (Denarc), em Goiânia, por medida de segurança. Nesta terça-feira o delegado deve entrar com o pedido de prisão preventiva do suspeito, prorrogando a detenção de Silva por mais 25 dias.
Entre os dias 30 de dezembro de 2009 e 22 de janeiro deste ano, seis jovens com idades entre 14 e 19 anos desapareceram em Luziânia, a 196 km da capital Goiânia (DF). O caso ganhou repercussão nacional e foi investigado, além da polícia, pela CPI do Desaparecimento de Crianças e Adolescentes, da Câmara dos Deputados. O paradeiro dos jovens só foi solucionado na manhã de sábado, 10 de abril, quando o pedreiro Adimar de Jesus Silva, 40 anos, foi preso acusado de estuprar e matar os rapazes. Ele mostrou à polícia o local onde estavam os corpos dos garotos e, em entrevista, se disse arrependido e afirmou que pensava no sofrimento dos familiares dos jovens mortos. O pedreiro também declarou que foi vítima de abusos sexuais no passado e disse que cogitou o suicídio após a repercussão das mortes.