Agência AFP
MADRID - O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, repetiu que é preciso "negociar" o caso nuclear iraniano e que quer "conversar" com o líder iraniano Mahmoud Ahmadinejad "até o último minuto", segundo declarações publicadas neste domingo pelo jornal espanhol El País.
"Não se pode partir do preconceito de que Ahmadineyad é um terrorista a quem é preciso isolar. Temos que negociar. Quero conversar com ele sobre estes assuntos até o último minuto", declarou Lula, num momento em que o Irã prossegue determinado a desenvolver seu programa nuclear, apesar da oposição das potências ocidentais.
O Brasil, com assento não permanente no Conselho de Segurança da ONU, se opõe à imposição de mais sanções à República Islâmica, suspeita de tentar dotar-se da bomba atômica.
"É preciso que os iranianos saibam que podem enriquecer urânio para fins pacíficos e que nós tenhamos a tranquilidade de que é só para isso", declarou o presidente.
"O único limite à posição do Brasil é o respeito às resoluções das Nações Unidas, que meu país cumprirá", afirmou, no entanto.
O Paquistão "tem a bomba atômica, Israel também. É compreensível que quem se sinta pressionado por essa situação possa pensar em criar a sua. Não temos direito de pôr ninguém contra a parede, e dizer ou tudo ou nada", declarou Lula.
Também se pronunciou sobre a assinatura no dia 8 de abril de um novo tratado START de desarme nuclear entre Estados Unidos e Rússia, cujo "significado" - disse - perguntará ao presidente Barack Obama.
"Desativação de quê? Porque se estamos falando de desativar o que já havia caducado não tem sentido. Eu tenho também em casa uma caixa de remédios da qual vou jogando fora os que caducam. Temos que falar sério de desarmamento, sem admitir que haja um grupo de países armados até os dentes e outros desarmados", declarou.