ASSINE
search button

Briga em parto: médicos podem ser indiciados por aborto em MS

Compartilhar

Celso Bejarano, Portal Terra

CAMPO GRANDE - O delegado da Polícia Civil de Ivinhema (MS), Lupérsio Degerone Lúcio, disse nesta quinta-feira que os médicos que brigaram durante parto em que uma criança morreu podem ser indiciados por aborto com dolo eventual, crime que pode motivar pena de um a quatro anos de prisão. O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM-MS), informou, por meio de sua assessoria jurídica, que instaurou sindicância para saber se os dois clínicos foram culpados pela morte do bebê.

Os médicos trocaram socos na sala do hospital onde a mulher era atendida. Ela havia optado por parto normal, mas com a confusão acabou submetida a uma cesariana. A certidão de óbito da criança, uma menina, diz que ela morreu por sofrimento fetal agudo e anoxia, falta de oxigênio. Até o momento, os médicos não se manifestaram.

O pai da criança, o soldado do Corpo de Bombeiros Gilberto de Melo Cabreira, 32 anos, disse que a mulher dele, Gislaine de Matos Rodrigues, 32 anos, foi internada no início da noite de domingo e o parto foi marcado para a noite seguinte. Por volta das 23h30 de segunda-feira, Gislaine entrou na sala de parto do Hospital Municipal e ia ser atendida pelo médico Orozimbo Neto, que havia acompanhado a sua gravidez, segundo o marido. De acordo com Cabreira, o médico Sinomar Ricardo, plantonista naquela noite, tentou expulsar o colega da sala. Os dois entraram em luta corporal enquanto a mulher, já sem roupas e sedada, segundo Cabreira, gritava pelo fim da confusão.

A polícia foi acionada e a mulher tirada da sala. Um médico da cidade que não estava no hospital foi chamado e, uma hora e meia depois, Gislaine teve a criança por meio de cesariana. "Ela nasceu roxa, toda roxa", disse o marido, que narrou os acontecimentos nesta tarde ao Ministério Público Estadual. "Foi uma monstruosidade tudo isso. Eu e a minha mulher já tínhamos ouvido o coração de nossa filha bater em exames anteriores, ela não tinha nada, estava saudável", disse o pai.

Cabreira e Gislaine iam registrar a filha com o nome de Mibsan, de origem hebraica, por influência da religião do casal, evangélica. "Compramos tudo para ela, o melhor berço, o melhor carrinho", afirmou Cabreira.