Claudia Andrade, Portal Terra
BRASÍLIA - O deputado da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CMDF) Chico Leite (PT), relator dos processos de impeachment contra o governador afastado do DF, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), na comissão especial criada pela Casa para analisar os pedidos, disse que deve entregar o parecer ainda esta semana.
Ele também defendeu a volta à normalidade no governo do DF após a renúncia do vice governador Paulo Octávio (sem partido, ex-DEM), nesta terça-feira, que ocupava o governo interinamente. O presidente da câmara, deputado Wilson Lima (PR), deverá ocupar ao cargo
"Essa decisão (renúncia) não muda nada", disse o relator sobre a análise dos pedidos de impeachment contra Arruda. "Sempre entendi que o vice governador também não tinha condições de dirigir o Distrito Federal, os casos são conexos, os problemas políticos são similares, mas em nada muda o parecer em que já estamos trabalhando e que podemos apresentar ainda esta semana", disse.
Questionado sobre se sua pendência era pela defesa do impeachment, o relator disse que ' processos é político, mas precisa de fundamento jurídico"
Sobre as condições que o novo governador deverá encontrar para administrar o DF, Chico leite disse que "não é o momento de nos pautarmos por gosto pessoal ou pela inclinação ideológica".
"Eu não votei no deputado Wilson Lima para presidente (da câmara ) pelas nossas diferenças políticas. No entanto, eu penso que o momento é de normalização institucional", disse ele ao afirmar que o PT continuará sendo oposição.
A ameaça de intervenção federal no DF, na opinião do deputado, deve ficar afastada enquanto houver possibilidade de sucessão no cargo de governador. "Enquanto houver a possibilidade de sucessão, segundo a linha constitucional, nós temos a possibilidade, de administrar os problema", disse.
Renúncia
O governador interino do Distrito Federal, Paulo Octávio, renunciou ao cargo nesta terça-feira, alegando "falta de apoio político", no mesmo dia em que pediu desfiliação do DEM.
Paulo Octávio estava no cargo há 12 dias, depois do governador José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) ter sido preso por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Arruda - que é suspeito de participar de um suposto esquema de propina no governo do Distrito Federal - tentou subornar uma testemunha para atrapalhar as investigações, segundo entendimento do STJ.
Entenda o caso
O mensalão do governo do DF, cujos vídeos foram divulgados no final do ano passado, é resultado das investigações da operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. O esquema de desvio de recursos públicos envolvia empresas de tecnologia para o pagamento de propina a deputados da base aliada.
O governador José Roberto Arruda aparece em um dos vídeos recebendo maços de dinheiro. As imagens foram gravadas pelo ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, que, na condição de réu em 37 processos, denunciou o esquema por conta da delação premiada. Em pronunciamento oficial, Arruda afirmou que os recursos recebidos durante a campanha foram "regularmente registrados e contabilizados".
As investigações da Operação Caixa de Pandora apontam indícios de que Arruda, assessores, deputados e empresários podem ter cometido os crimes de formação de quadrilha, peculato, corrupção passiva e ativa, fraude em licitação, crime eleitoral e crime tributário.