Jornal do Brasil
BRASÍLIA - O embaixador extraordinário para a Mudança do Clima, Sergio Serra, avaliou terça-feira que a adoção de um tratado amplo entre os países para reduzir e administrar os efeitos das mudanças climáticas provavelmente será protelada para dezembro de 2010.
As palavras não são otimistas, mas não abrimos mão da esperança. O Brasil tem compromissos sérios em relação ao assunto afirmou, em seminário terça-feira na sede do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, em Brasília. A declaração foi dada apenas a 14 dias do início da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15). Segundo Serra, um dos principais entraves para que um acordo seja selado em Copenhague é o fato dos Estados Unidos ainda não ter se comprometido com uma meta específica de redução das emissões, por mais que a situação tenha se invertido a partir da revelação de que os norte-americanos pretendem apresentar uma meta nos próximos dias.
É preciso que os países responsáveis cumpram as obrigações a partir das suas responsabilidades históricas declarou Serra, para, em seguida, observar que os números apresentados até então são bastante modestos . O embaixador avaliou ainda que a União Europeia deseja apenas transplantar os artigos fundamentais do Protocolo de Kyoto cujo primeiro período de compromisso expira em 2012 para o novo documento. Mas os Estados Unidos são contra pela substância do documento.
Terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, durante reunião com o presidente da República Tcheca, Václav Klaus, que os países em desenvolvimento devem assumir responsabilidades e a liderança nas discussões durante a conferência na Dinamarca.
Os países em desenvolvimento têm consciência de suas responsabilidades. O Brasil está fazendo sua parte. Vamos reduzir em quase 40% nossas emissões estimadas para 2020. Acredito que todos os países, especialmente, os mais ricos, devem fazer com que a cúpula de Copenhague produza efeitos claros e ambiciosos disse Lula.
O governo do Brasil prepara a apresentação de 18 projetos referentes à Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD), já em execução no país como modelo, para os demais participantes. Desse total, 16 estão sendo executados na Amazônia e dois na Mata Atlântica. Na relação de projetos apresentados estão a parceria entre o governo do Pará e o Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) para implantação de florestas estaduais para reduzir a derrubada de matas e as emissões de gases de efeito estufa na região da Calha Norte (faixa de fronteira no extremo norte do Brasil).
O mecanismo de REDD deve ser incluído no novo acordo climático global, que pretende complementar o Protocolo de Quioto pós-2012. No entanto, até agora não há definição sobre os recursos que serão disponibilizados pelos países ricos para financiar a redução de emissões por desmatamento. (Com agências)