Jornal do Brasil
BRASÍLIA - A Amazônia registrou o menor desmatamento em 21 anos. Entre agosto de 2008 e julho deste ano foram destruídos 7 mil km² de floresta, uma queda de 45% em relação ao mesmo período de 2007. Os números foram anunciados quinta-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um cerimônia em Brasília, que contou com a presença dos ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, e da Casa Civil, Dilma Rousseff. Foi ela, aliás, quem destacou também os números, ofuscando o ministro Minc.
O número anunciado superou as expectativas do governo que previa um desmatamento de 9 mil km².
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), responsável pelo levantamento, registrou queda em quase todos os estados da Amazônia. Apesar da redução, o Pará foi o estado que mais desmatou no período, com 3.680 km². Seguido de Mato Grosso, com 1.047 km² e do Maranhão, com 980 km². Acostumados a aparecerem como líderes no ranking do desmatamento, Mato Grosso e Pará tiveram redução do desmate em 65% e 35% respectivamente. O menor índice nacional havia sido registrado em 1991, 11 mil km² devastados.
Conseguimos fazer o dever de casa comemorava Dilma. Conseguimos mostrar que existe um modelo alternativo de produção que preserve a floresta em pé.
Segundo a ministra, o programa Arco Verde Terra Legal, que legaliza terras na região para exploração sustentável, é uma das ações que o Brasil deve se orgulhar de apresentar na reunião de Copenhague, em dezembro.
Comemoração inadequada
Apesar da comemoração governamental, os ambientalistas creditam à sociedade e à crise econômica a queda do desmatamento. E os, números, segundo eles, não são motivos para festa.
Não pode ser creditado tudo para o governo. Já esperávamos uma redução do desmatamento com a crise econômica afirmou o engenheiro florestal da Universidade de Brasília, Humberto Angelo. Com a redução da atividade econômica, a queda nos preços das commodities agrícolas, da soja e do boi, a redução era eminente. Com a retomada da economia é que vamos ver se as ações do governo realmente estão surtindo efeito.
Para a organização não-governamental ambiental Greenpeace, o mérito da redução da taxa de desmatamento pertence sobretudo à sociedade brasileira, que obriga o governo a tomar providências mínimas para reduzir o tamanho do desastre .
Coordenador da campanha da Amazônia do Greenpeace, Marcio Astrini acredita que os números anunciados são importantíssimos , mas não são comemoráveis, uma vez que 7 mil km² correspondem a uma área do tamanho do Distrito Federal.
O desmatamento continua inaceitável. Queremos a devastação zero. E a presença de Dilma no anúncio é uma festa eleitoreira disparou o coordenador. A Dilma é beque nesta questão do meio ambiente e precisamos de centroavante. Ela nunca está presente em um anúncio de desmatamento e assumir que continua alto e que o governo vai adotar medidas para reduzir ainda mais. A participação do governo na redução do desmatamento tem sido limitada.
Segundo Aristini, anunciar a queda do desmatamento faz bem para um campanha eleitoral, mas a maquiagem de Dilma é forçada .
De acordo com o Greenpeace, os números divulgados confirmam que o desmatamento vem mudando de padrão: o corte raso, que geralmente ocorria em grandes extensões, pulverizou-se por áreas menores do que 100 hecatres, o que torna o combate ao desmatamento mais difícil. (Com agências)