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BRASÍLIA - Os ânimos se acirraram e houve bate-boca no plenário da Comissão de Relações Exteriores (CRE) nesta quarta-feira, durante sabatina de Wilson Trezza, indicado para ser diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
O mal-estar começou quando, já no fim da arguição, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) perguntou se Trezza pretendia fazer alguma coisa em relação aos grampos ilegais porque, segundo o senador, ele próprio teria sido vítima de escutas irregulares feitas por "arapongas" da Abin, nas palavras do senador.
O diretor então respondeu dizendo que não queria "repreender" o senador, mas que ficava "entristecido" e "profundamente magoado" ao ver um parlamentar usar a expressão "araponga" ao se referir a um profissional da inteligência.
Heráclito então se irritou e rebateu:
- O senhor não me repreende porque a honra de vossa excelência não foi ofendida e a minha foi. Não retiro o que disse, não retiro o nome de araponga, o trabalho deles foi da pior qualidade e ele não deveriam ser defendidos por vossa excelência - disse.
O líder do PT, senador Aloísio Mercadante (SP), que estava sentado ao lado de Heráclito, saiu em defesa de Trezza dizendo que o diretor não estava repreendendo Heráclito.
O senador Heráclito então puxou o microfone para pedir a palavra e o bate-boca começou:
- Vossa excelência está tirando o microfone da minha boca - gritou Mercadante.
- Vossa excelência está muito nervoso, quer um suquinho de maracujá - disse Heráclito repetindo a mesma frase já dita ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP) no dia em que ele mostrou um cartão vermelho para o presidente José Sarney (PMDB-AP) no plenário da Casa.
- Está querendo ser aqui o protetor de coisa errada? - disse Heráclito.
Após a discussão, a normalidade foi restabelecida e, após quase quatro horas de sabatina, os senadores começaram a votar a indicação de Trezza para diretor-geral efetivo da Abin, já que ele está no cargo interinamente a cerca de um ano.