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SÃO PAULO - A Polícia Federal em Mato Grosso prendeu, nesta terça-feira, quatro investigadores da Policia Civil do estado na Operação Maranello. Eles são suspeitos de envolvimento com o tráfico internacional de drogas e são apontados como o braço armado da quadrilha.
A PF já prendeu 13 pessoas suspeitas de envolvimento com o tráfico. Além dos policiais, há empresários, um advogado e supostos traficantes. O grupo poderá ser indiciado por tráfico internacional de entorpecente e lavagem de dinheiro.
A Justiça Federal expediu 24 mandados de prisão e 42 de busca e apreensão. Foram apreendidos joias, relógios e nove carros de luxo, entre quais estão, uma Ferrari Maranello, uma BMW, um Lamborghini, um Porsche e um Corvette. Após os depoimentos, os presos serão encaminhados para a Polinter e Penitenciária Central do Estado. Já os policiais civis, serão encaminhados ao presídio de Santo Antônio do Leverger.
- Os policiais que locaram a fazenda Sete Irmãos para receber a droga da Bolívia, cuidavam da fazenda, faziam a segurança do entorpecente e informavam se havia alguma investigação da polícia contra a quadrilha. Eles eram o braço armado - disse o superintendente da PF em Mato Grosso, Oslain Campos Santana.
Na coletiva de imprensa na superintendência da PF em Cuiabá, o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso (Sejusp-MT), Diógenes Curado, e o diretor geral da Polícia Civil, Lindomar Costa, afirmaram que os investigadores Wagner Rodrigo de Amorim, Adauto Ramalho da Silva, Neuri Alves da Silva e Jocenil Paulo de França, já eram investigados pela Polícia Civil desde o início deste ano. Eles afirmaram que eles serão responsabilizados tanto criminalmente como administrativamente.
A participação de um delegado foi descartada.
- Há nos autos o nome de um delegado, mas não houve o indiciamento do crime por não haver provas, mas pode surgir novos nomes - disse o delegado da PF, Evandro Iwasaki Silva.
Wagner Rodrigo de Amorim e Adauto Ramalho da Silva foram presos no dia 20 de junho, quando foi deflagrada a operação da Policia Civil que resultou na apreensão de 383,7 quilos de cocaína pura. Eles conseguiram a liberdade, após receberem um habeas-corpus.
A droga foi encontrada na fazenda Sete Irmãos, localizada na região de Mucambo, em Barão de Melgaço, 113 quilômetros ao sul de Cuiabá. Por ter configurado que a droga vinha de avião da Bolívia para o Brasil, o crime foi tipificado como tráfico internacional de drogas e a investigação foi encaminhada para a Polícia Federal.
O empresário Alexandre Zangarini é um dos presos na Operação Maranelo. O Ministério Público Federal (MPF) o denunciou por supostamente utilizar seu lava-jato para "lavar" o dinheiro do tráfico. Zangarini já foi proprietário de uma revenda de automóveis importados. De acordo com a polícia, ele teria cedido R$ 500 mil para o grupo.
Outro preso é o advogado Aroldo Fernandes da Cruz, que foi denunciado pelo MPF-MT por tráfico de drogas. Segundo a PF, Aroldo Cruz defendia juridicamente todo o grupo e fazia o contato com os policiais.
Segundo a investigação da PF, o dinheiro do tráfico de drogas era dividido e depositado em contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas. Estima-se que as transações financeiras ultrapassem o montante de R$ 3 milhões.
As empresas utilizadas para a lavagem de dinheiro estavam em nome de membros da organização criminosa, de seus familiares e de terceiros, tanto empresas "de fachada" quanto empresas ativas que estavam situadas em três Estados, atuando em diferentes ramos como factorings, empresas de cobranças, garagens de carros e uma panificadora.
Base aérea
O superintendente da PF em Mato Grosso, Oslaim Campos Santana, ressaltou a necessidade de haver uma base da Aeronáutica no estado para impedir a chegada de droga por via aérea.
- Aqui realmente existe um buraco aéreo, onde os traficantes utilizam para trazer a droga. É necessária a ação da Secretaria Nacional de Defesa Civil, aqui precisa de uma base da Aeronáutica - disse Santana.
Oslain Santana destacou a ação da Força Aérea Brasileira (FAB) nos estados de Rondônia e Goiás, onde realizou tiros de advertência em aviões que transportavam drogas. Ele afirmou que essa ação é amparada pela Lei do Abate, de 2004.