Pedro Peduzzi , Agência Brasil
BRASÍLIA - A manifestação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocorrida durante esta sexta-feira na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, terminou de forma pacífica.
Contando com o apoio de entidades sindicais, como Central Única dos Trabalhadores (CUT), Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) e Intersindical, além da Via Campesina, a marcha reuniu cerca de 4 mil manifestantes e fez parte da Jornada Contra a Crise, que programou atos em todo o país.
Com um percurso que partiu do Estádio Mané Garrincha onde os integrantes do MST ficarão acampados até o próximo dia 21 e percorreu os dois sentidos da Esplanada dos Ministérios, passando pelo Congresso Nacional, os manifestantes cumpriram o trajeto que havia sido acordado com a Polícia Militar do Distrito Federal, que reforçou a segurança a fim de evitar ocupação de ministérios, como ocorreu no primeiro dia de manifestações.
- Não registramos incidentes e tudo correu como o previsto - disse o coronel Silva Filho, responsável por coordenar os policiais militares durante a manifestação. Assim, os manifestantes se limitaram a dar gritos de ordem em defesa da reforma agrária e contrários às medidas adotada pelo governo federal contra a crise econômica mundial.
Alguns sindicatos aproveitaram o evento para fazer reivindicações:
- Estamos aqui em apoio aos colegas do MST, mas também para chamar a atenção para os riscos que o fim do monopólio postal pode causar para o país - disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios no DF, Moisés Leme.
Segundo ele, o fim desse monopólio pode resultar na perda de 116 mil postos de trabalho e no fechamento de 6 mil agências dos Correios:
- Este evento representa a unificação dos trabalhadores da cidade com os trabalhadores rurais - acrescentou.
A CUT aproveitou a marcha para defender a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais.
- Além disso viemos defender a redução da taxa Selic e o fim do superavit primário - disse o secretário de Políticas Sociais da CUT-DF, Ismael José César.
Críticas à forma como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem conduzindo a reforma agrária no país vieram, inclusive, de integrantes do próprio partido do presidente:
- Ele (Lula) falhou por não ter dado a agilidade esperada para implementar a reforma agrária - avaliou o dirigente do Partido dos Trabalhadores (PT) no DF, Cícero Rola - Mas é claro que este é um processo constante.
Para ele, não há contradição em o PT fazer esse tipo de crítica porque faz parte dos princípios históricos do partido defender a reforma agrária , afirma.
- E a luta social é a que aponta a perspectiva para que essa reforma aconteça - completa.
O MST aguarda a posição do governo sobre a pauta que foi apresentada pelo movimento durante reunião com uma equipe interministerial realizada na última quarta-feira (12).