Luciana Abade, Jornal do Brasil
BRASÍLIA - O poderio de Sarney no setor elétrico vai muito além da Esplanada. Ele indicou para a a presidência da Eletrobras José Maria Muniz. Assim como indicou Astrogildo Quental para diretor financeiro e de Relações com Investidores. Quental foi secretário de Infra-Estrutura no governo de Edison Lobão (1991-1994) e depois no de Roseana Sarney (1995-2002) no Maranhão. Antes da Eletrobrás, Quental foi diretor administrativo da Eletronorte.
Uma indicação recente que causou polêmica foi a de Emília Maria Silva Ribeiro para o Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Assessora da Presidência do Senado na gestão José Sarney e depois na de Renan Calheiros (PMDB-AL), Maria, segunda a oposição, representava os interesses do governo na fusão Oi (ex-Telemar) e Brasil Telecom. Por não ser do ramo das comunicações, nem engenheira, o currículo da advogada também foi questionado pela oposição, que terminou vencida.
Em março de 2008, o plenário do Senado aprovou em votação secreta a recondução do engenheiro civil Fernando Fialho ao cargo de diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Fernando é filho de Vicente Fialho, ministro de Irrigação quando Sarney ocupou a Presidência da República.
Na Agência Nacional de Petroleo (ANP), Sarney colocou Alan Kardec Duailibe como diretor. Duailibe é genro de José Carlos Sousa e Silva, administrador da Fundação José Sarney. Já na Valec, empresa responsável pela construção da ferrovia Norte-Sul, está Ulisses Assad, investigado pela pela Polícia Federal devido a sua ligação com Fernando Sarney em processos fraudulentos de licitação.
Nos bancos públicos, a influência Sarney também é percebida. Vice-presidente de logística da Caixa Econômica Federal, Sérgio Pinheiro Rodrigues é cunhado do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), antigo aliado político do cacique peemedebista. Rodrigues, que foi diretor-presidente do Banco do Estado do Maranhão (1987-1990), era secretário de Turismo do Maranhão antes de assumir a CAIXA.
Até o início do ano, ocupava a diretoria de gestão do Banco da Amazônia (Basa), o vice da governadora Roseana Sarney (PMDB-MA), José Alberto de Sousa. Segundo o deputado Domingos Dutra (PT-MA), também foi Roseana e seu pai que indicaram Evandro Bessa Lima Filho como diretor de controle no Basa.