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Documentos do Araguaia desaparecem de arquivo no Pará

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Portal Terra

BELÉM - O governo do Pará suspeita que documentos da Polícia Civil referentes à guerrilha do Araguaia tenham sido queimados há nove anos. Os papéis, alusivos à repressão aos guerrilheiros, como atestados de conduta e de vida e residência emitidos por delegacias a moradores da região, desapareceram do Arquivo Central da polícia, em Belém, segundo informou o jornal Folha de S.Paulo desta segunda-feira.

Os documentos eram certidões que permitiam que os cidadãos-posseiros circulassem entre as localidades. Quando parados por militares, eles tinham que mostrar os documentos, sob risco de prisão. De acordo com o vice-presidente da Associação dos Torturados da Guerrilha do Araguaia, Sezostrys da Costa, os papéis eram importantes para se comprovar que os moradores do Araguaia viveram uma espécie de estado de sítio e toque de recolher, com a proibição pelo Exército de as pessoas circularem livremente.

Uma instrução normativa assinada em janeiro de 2000 pelo delegado-geral de Polícia Civil, João Nazareno Nascimento Moraes, na gestão do governador Almir Gabriel (PSDB), pode ter aberto caminho para a possível destruição. O ato tinha como objetivo "estabelecer normas e traçar diretrizes acerca da conservação e do desfazimento de documentos do acervo do Arquivo Central".

A Secretaria de Segurança Pública do Estado não informou se algum documento chegou a ser destruído. João Nazareno Moraes, ex-delegado-geral de Polícia Civil do Pará entre 1999 e 2001, afirmou que mandou destruir só a documentação que "não tinha valor jurídico" ou "uso policial", como requerimentos de licenças médicas e contas de luz e água.