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PORTO ALEGRE - A estiagem que colocou em situação de emergência pelo menos 140 cidades do Rio Grande do Sul é a pior registrada desde o século XIX em algumas localidades. Em Pelotas, no sul do estado, o mês de abril foi o mais seco em 116 anos. A chuva acumulada ficou em 2,4 mm na cidade, pior índice desde 1889.
O meteorologista Eugenio Hackbart, da MetSul Meteorologia, afirma que, tradicionalmente, abril e maio são meses com menor quantidade de chuvas, mas ele admite que o atual período de estiagem é histórico. - Estamos passando por uma escassez quase total de chuva em várias partes do estado - afirmou.
Outras cidades afetadas pela seca como Bagé, Passo Fundo e São Luiz Gonzaga tiveram o abril menos chuvoso dos últimos 90 anos. Em Santa Maria, o índice de chuva não é tão baixo desde 1974 e em Santa Vitória do Palmar o mês é o mais seco de 1978.
Os dados da Metsul Meteorologia são resultado de um levantamento feito a partir de uma pesquisa histórica e de dados fornecidos pelo 8º Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Em Porto Alegre, apesar da pouca chuva, os volumes não estão entre os dez índices mais baixos contabilizados desde 1909. De acordo com a Metsul, a estação do Instituto Nacional de Meteorologia no Jardim Botânico, na capital, registrou, em abril, 31 mm de chuva acumulada. Em abril de 2006, esse índice ficou em 17,6 mm.
Já no Vale do Rio dos Sinos, a cidade de São Leopoldo teve o abril mais seco desde 1987 e Campo Bom registrou a menor quantidade de chuva desde 2006.
Hackbart afirma que, entre os diversos fatores causadores do período de estiagem, está a presença do fenômeno La Niña, caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico, e que favorece a diminuição da chuva no Rio Grande do Sul. A diminuição da atividade solar, que estudos mostram ter influência no regime de chuva, é a menor desde 1913 e também contribui para o agravamento da estiagem, de acordo com o meteorologista.