Amanda Mota, Agência Brasil
MANAUS - As medidas de preventivas para conter a entrada da gripe suína já estão sendo aplicadas no Amazonas. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, o ponto de partida é o monitoramento rigoroso de portos e aeroportos de Manaus e dos municípios que fazem fronteira com outros países, como Tabatinga, na Região do Alto Solimões, localizado na tríplice fronteira, com a Colômbia e o Peru.
As medidas fazem parte de um Plano Estadual de Contingência, proposto por um comitê de representantes da Secretaria de Estado da Saúde, da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus, da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMT), da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Por causa dos alertas emitidos pela Organização Mundial de Saúde, os passageiros que desembarcarem no Amazonas vindos de áreas internacionais e que apresentarem febre durante o vôo ou nos últimos dez dias, serão considerados pela FVS como casos suspeitos de gripe suína. Durante dez dias eles serão monitoradas pelos órgãos de saúde e, se os exames indicarem a necessidade de internação e isolamento, os casos suspeitos serão encaminhados para a Fundação de Medicina Tropical do Amazonas em caso de jovens e adultos - ou para o Pronto Socorro da Criança , se o paciente for menor de 14 anos.
O material colhido das pessoas que apresentarem sintomas da gripe suína será analisado pelo Instituto Evandro Chagas, no Pará, laboratório considerado como referência na Região Norte. O resultado dos exames pode levar de sete a 15 dias para ser apresentado.
A médica e pesquisadora em virologia da FMT, Maria Paula Mourão, informou nesta quarta-feira que três das cinco pessoas com suspeita de gripe suína no Amazonas foram liberadas.Os demais permanecem em observação. Elas estiveram recentemente na Flórida, nos Estados Unidos.
Para a pesquisadora, o Amazonas está preparado para atender casos da gripe suína e fazer o seu diagnóstico.
- Todos os anos aparecem casos de influenza. O que muda é que a cada período vírus novos vão aparecendo, porque esses vírus são mutantes. A gripe suína já é conhecida entre os profissionais de saúde de modo geral. Já houve casos da doença e não vejo motivo para pânico - disse.
Na opinião da pesquisadora Maria Paula Mourão, O nome gripe suína foi uma escolha infeliz . Ela explica que os casos da doença em humanos não têm qualquer relação com os porcos.
- Esse vírus deve ter se originado em suínos, mas hoje em dia se adaptou perfeitamente ao ser humano, ou seja, é transmitido diretamente de homem para homem. A transmissão nunca se dá pela ingestão de carne de porco ou de seus derivados - afirmou.
De acordo com o infectologista da FVS, Marcelo dos Santos, as pessoas que trabalham na área da saúde já estão recebendo as orientações necessárias sobre a doença. Nesta quinta-feira (30), 270 profissionais que atuam em Manaus participarão de um treinamento específico sobre a influenza suína.
Milhares de folhetos explicativos sobre a doença já estão sendo distribuídos nos locais de desembarque de pessoas vindas das áreas de risco. De acordo com a coordenação da Anvisa no Amazonas, equipamentos de proteção individual, como máscaras e luvas, já estão disponíveis para uso das equipes de saúde no aeroporto.
- Certamente que casos da doença ocorrerão, mas a magnitude disso é imprevisível - disse Santos.