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PARIS - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira que a restauração do crédito e a luta contra a "droga" do protecionismo são os problemas mais urgentes que os líderes do G20 enfrentarão na sua reunião desta semana em Londres.
O aumento do sentimento protecionista mundo afora irá também dificultar os avanços na Rodada Doha do comércio global, escreveu Lula em artigo publicado no jornal francês Le Monde.
Como grande exportador de matérias-primas e membro do chamado Bric (iniciais de Brasil, Rússia, Índia e China, grandes países emergentes), o Brasil tem sido um participante ativo na Rodada Doha, um processo que visa à abertura dos mercados comerciais globais. Não é a primeira vez que Lula conclama os líderes mundiais a superarem o atual impasse nas negociações, lançadas em 2001.
- Sei que não será fácil concluir o ciclo de Doha - escreveu ele. - Em tempos de crises, o protecionismo, que eu vejo como uma droga, sobe.
A Rodada Doha está paralisada desde julho, quando uma discordância entre Índia e EUA a respeito de salvaguardas para agricultores de países pobres interrompeu o processo.
Lula disse que o protecionismo poderia causar uma euforia temporária, mas levaria a uma "depressão profunda" em médio e longo prazos.
Ele também pediu que o Fundo Monetário Internacional injete dinheiro em países em dificuldades, e disse que o FMI e o Banco Mundial precisam ser mais democráticos.
O presidente tem sido um dos defensores mais exaltados da necessidade de dar mais voz aos países em desenvolvimento nas organizações multilaterais. Na semana passada, ele provocou polêmica ao dizer que a atual crise global foi provocada por "brancos de olhos azuis".
- O FMI tem de irrigar a economia global, principalmente os países emergentes, para reverter a tendência protecionista antes que seja tarde demais - escreveu ele, alertando que o mundo enfrenta uma "crise de civilização".
Os líderes do G20 devem discutir, a partir de quinta-feira, medidas de apoio a bancos, ampliações dos gastos públicos e mais verbas para que o FMI resgate a economia mundial da recessão até o final de 2010, segundo um esboço de comunicado que foi obtido pelo jornal Financial Times.