Agência Brasil
BELÉM - Cerca de mil religiosos e líderes comunitários participaram hoje do primeiro dia de debates do 3º Fórum Mundial de Teologia e Libertação, na Fundação Cultural Tancredo Neves, em Belém (PA). As benzedeiras do Centro Ecumênico de Estudos Biblícos do Pará receberam os partipantes do fórum com água cheirosa da amazônia.
- Nós acreditamos que essas ervas trazem uma energia muito boa. E a nossa expectativa é que todos os povos aqui reunidos, para discutir problemas sérios de suas comunidades, tenham força para encontrar boas soluções - afirma a benzedeira Mary Cândida.
O teólogo Leonardo Boff abriu o ciclo de palestras falando sobre o tema geral do encontro: Água, Terra e Teologia. Para Boff, o mundo chegou a um ponto de colapso que pode ser considerado terminal.
- Já ultrapassamos o limite na exploração da natureza. Precisamos agora aproveitar esse fórum e o Fórum Social Mundial, na próxima semana, para ouvir as comunidades tradicionais, os povos indígenas da Amazônia, e aprender com eles a ter uma melhor relação com a natureza - destacou o teólogo, que defendeu a agregação da Carta da Terra à Declaração Universal de Direitos Humanos, no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU).
- Ou mudamos nosso modo de produção agora, ou vamos enfrentar enormes tragédias coletivas em pouco tempo. Entre elas, a escassez de água. O mundo deverá adotar o socialismo não por ideologia, mas por necessidade de dividir o que possui para que a vida continue possível na Terra - disse.
O Fórum Mundial de Teologia e Libertação segue até o próximo domingo. Um dos principais temas em debate até lá será a interação entre religiosos e as comunidades indígenas. A assessora do Conselho Mundial de Igrejas María Chavez Quispe destacou hoje as boas iniciativas em curso, mas defendeu o respeito à cultura indígena.