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Demitir é perder ativos, alerta representante do setor de mineração

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Pedro Peduzzi , Agência Brasil

BRASÍLIA - O presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Paulo Camillo Vargas Penna, disse à Agência Brasil que demitir representa perda de ativos para o setor, em função do alto investimento em treinamento de pessoal realizado pelas empresas do ramo.

- Evitar demissões não é simplesmente uma questão de bom-mocismo. Há um aspecto econômico envolvido, e em nosso setor isso fica mais evidente, porque ninguém da atividade produtiva investiu tanto em funcionários como o setor de mineração. Portanto, para nós, demitir significa, de fato, perder ativos.

Paulo Camillo citou pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) que mostra o quanto as indústrias de mineração investem em pessoal:

- Em média, 71% das empresas brasileiras desenvolvem treinamentos indoor. O setor mineral supera em muito essa média nacional, chegando a 93% - disse o dirigente o Ibram, que representa nacionalmente empresas e instituições que atuam na indústria da mineração.

Ele explicou que os empresários que não levarem em conta que a crise é passageira terão dificuldades para novas contratações.

- Há um ano, tínhamos dificuldades para encontrar operadores de máquinas no mercado brasileiro. Isso resultou, inclusive, numa significativa valorização salarial - lembrou Paulo Camillo, que aponta sinais de que se caminha para a estabilização.

- Primeiro, porque paramos de cair e, do fundo do poço, a tendência é subir. Mas creio que só a partir de março teremos uma visão mais clara do cenário, quando os resultados das medidas econômicas adotadas pelos principais parceiros internacionais do Brasil ficarão mais evidentes - argumentou.

O setor de mineração passava por um momento extremamente positivo antes da crise, disse o presidente do Ibram.

- Nosso setor é o que mais investe no Brasil. Basta olhar para a influência dele no saldo da balança comercial, que estava em US$ 24,7 bilhões. Desse total, nossa participação beira os 48%, alcançando um volume próximo a US$ 12 bilhões.

Nos levantamentos anuais realizados pelo Ibram que consideram sempre o período de cinco anos , entre 2007 e 2011, o investimento previsto para o setor foi de US$ 27 bilhões. Um ano depois [em 2008], a previsão de investimentos para o quinqüênio 2008-2012 subiu para US$ 57 bilhões.

- Não haverá redução desses investimentos - garantiu Paulo Camillo. - Os US$ 57 bilhões previstos serão mantidos. O que será alterado em conseqüência da suspensão de projetos é o cronograma. Se a previsão ia até 2012, agora deverá ser estendida até 2013 ou 2014. Estou otimista, apesar da crise, e acredito que as próximas projeções quinqüenais apontarão valores superiores aos de 2007 - completou.