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Comunidades italianas na web criticam asilo a Battisti

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Portal Terra

BRASÍLIA - As manifestações contrárias à decisão do governo brasileiro de conceder asilo político ao ex-ativista italiano de extrema-esquerda Cesare Battisti chegaram a comunidades italianas da rede de relacionamentos na internet Facebook.

Nas comunidades que pedem a extradição imediata de Battisti, alguns italianos ameaçam nunca mais vir ao Brasil. Outros se oferecem para vir pegar Battisti e afirmam que enviam constantes e-mails à embaixada brasileira em Roma para exigir a revisão da decisão sobre o caso.

A comunidade intitulada "Cesare Battisti deve voltar à Itália para cumprir sua pena" conta com 1.448 adeptos. -Battisti tem medo de que sua vida esteja em perigo! Mas que país ele pensa encontrar? - escrevem os administradores da comunidade.

- Não continuamos nos tempos em que ele e seus amigos matavam por 'política', a Itália venceu sua batalha contra os terroristas como ele e continuou um país livre e civil - prosseguem.

- Queremos as desculpas do governo brasileiro e pretendemos que o mesmo governo reveja a decisão do ministro (Tarso) Genro. Queremos que Battisti seja extraditado e cumpra sua pena - pedem os membros da comunidade.

O italiano que se apresenta na comunidade com o nome de Francesco Zandegiacomo de Zorzi, de Nova York, define Battisti como um "revolucionário de pouca capacidade". - Eu acrescentaria também a palavra 'assassino' depois do nome de Cesare Battisti e mandaria para a prisão perpétua também sua amiguinha Carla Bruni! - ironizou Zorzi, referindo-se ao período em que o ex-militante ficou no país da primeira-dama francesa.

Em outra comunidade, os membros são convidados a enviar um e-mail à embaixada brasileira para "manifestar o descontentamento pela decisão brasileira, mantendo porém o estilo e a educação", o que fez com que muitas pessoas escrevessem à embaixada e, em seguida, postassem na comunidade uma cópia do e-mail enviado.

- Cesare Battisti não é um mártir, não é um perseguido, não é um intelectual oprimido por suas posições políticas. É um criminoso condenado por quatro homicídios e não deve viver como um homem livre no Brasil, mas terminar a sua vida na cela de uma prisão italiana - reclama Giovanni Fava em um comentário publicado no Facebook.

Há também quem se ofereça a ir buscar o ex-militante italiano. - Agradeço aos brasileiros e sobretudo aos franceses. Candidato-me a ir pegá-lo e atirar naquele covarde - escreve Alberto Strenghetto.

Em contrapartida, no site de relacionamentos Orkut, há comunidades de brasileiros que defendem Battisti. Na comunidade "Em Prol de Cesare Battisti", que soma 120 membros, os administradores dizem que se solidarizam a "todos os ex-militantes da década de 70 que, assim como ele (Battisti), arriscaram suas vidas visando o melhor para o povo".

Battisti, 54 anos, foi condenado em 1993 na Itália à prisão perpétua por quatro assassinatos que teriam sido cometidos na década de 70 enquanto militava no Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), grupo ligado às Brigadas Vermelhas.

Na última terça-feira, o ministro da Justiça brasileiro decidiu pelo status de refugiado político, o que garante que Battisti deixe a prisão de Papuda, em Brasília, onde se encontra, e possa trabalhar e morar no Brasil. O ministro brasileiro argumenta que a decisão foi baseada na "existência fundada de um temor de perseguição" contra Battisti, que alega inocência.

A decisão gerou tensão entre as duas nações e levou a Itália a emitir um pedido oficial ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que a decisão seja revista.