Cristina Fausta, JB Online
BRASÍLIA - A equipe médica que atendeu o torcedor são-paulino Nilton César de Jesus, no Hospital de Base, afirmou que a morte do rapaz foi provocada pela coronhada na nuca e não pelo tiro que, segundo os médicos, não chegou a atingir o crânio do rapaz. A causa da morte, que deve ser confirmada pelo Instituto Médico Legal (IML), foi traumatismo craniano com edema cerebral. O rapaz morreu à 10h50 desta quinta-feira, depois de uma parada cardíaca. Os médicos tentaram reanimá-lo por 20 minutos; seu coração voltou a bater, mas ele não resistiu a outras três paradas cardíacas.
O chefe da unidade de Neurocirgia, Carlos Silvério de Almeida, foi incisivo ao afirmar que a pancada da coronhada foi decisiva para morte. Segundo ele, a bala atingiu o torcedor de raspão, da nuca à orelha direita, o que justificaria a quantidade de sangue espalhada no asfalto, após a queda do torcedor.
A agressão maior foi a coronhada. Se houve a bala, ela só passou de raspão e não desprendeu energia cinética suficiente para penetrar a cabeça. Pela lesão, a pancada foi muito forte, mas o IML é quem vai dar os detalhes sobre a contusão. A coronhada também pode ter contribuído para um corte que havia na cabeça, inclusive foram dados pontos na região comentou o neurocirurgião.
Em Brasília desde segunda-feira, a família de Nilton autorizou a doação dos órgãos do rapaz, mas, por causa das paradas cardíacas, apenas as córneas poderão ser doadas. A complicação do coração comprometeu a qualidade dos outros órgãos.
O rapaz deu entrada no hospital no domingo, em estado gravíssimo, como manifestado em todos os boletins médicos. Seu grau de coma estava no nível quatro dentro da escla de Glasgow, ou que significa que ele só tinha abertura espontânea dos olhos. Ele estava apenas um ponto acima do quadro clínico de morte cerebral, repreentado pelo nível 3 da escala. Na quarta-feira, o paciente teve uma piora e o grau do coma agravou-se. Ele passou a ser medicado para manter o funcionamento dos órgãos vitais.
O sargento da PM José Luís Carvalho Barreto, responde ao inquérito em liberdade desde segunda-feira, quando deixou o presídio militar após conseguir a liberdade provisória. Segundo a advogada do policial, ele está em choque com o ocorrido e está sendo acompanhado por psiquiatras. Barreto foi autuado por lesão corporal grave, mas pode vir a responder por homicídio, dependendo da decisão de um conselho da PM formado nesta quinta-feira para analisar o caso.