Agência Brasil
BOA VISTA - A grande mobilização indígena que aconteceria na Vila Surumu, principal portal de entrada da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR), foi apenas uma promessa do Conselho Indígena de Roraima (CIR). A expectativa da coordenação do CIR era reunir 1,5 mil pessoas no local para acompanhar, pela televisão, o julgamento da constitucionalidade da demarcação contínua da reserva no Supremo Tribunal Federal (STF).
Entretanto, há no máximo 300 indígenas no local e não foi preparada nenhuma estrutura para a transmissão do julgamento. A energia elétrica da vila é gerada por motor, que está desligado. Segundo o coordenador regional do CIR, Walter Oliveira, os índios serão informados sobre o andamento da sessão no Supremo por telefone.
- Aguardamos informações de Boa Vista. Eles vão nos ligar - afirmou Oliveira. Ele disse ainda que não há nenhuma programação de eventual comemoração do resultado da decisão dos ministros do STF.
Aparentemente, a maioria dos indígenas na Vila Surumu está indiferente ao que acontece em Brasília. Muitos estão deitados em redes e outros jogam futebol.
No dia 27 de agosto, quando o julgamento começou, cerca de 700 indígenas favoráveis à demarcação contínua da reserva organizaram uma missa e fizeram apresentações de dança e música típicas das etnias que vivem na Raposa.
Segundo agentes da Força Nacional de Segurança que patrulham a Vila Surumu, os grupos contrários e favoráveis à permanência das não-índios na reserva estão tranqüilos e não há nenhuma concentração de indígenas próxima à Fazenda Depósito, de propriedade do prefeito do município de Pacaraima, Paulo César Quartiero. Ele é um dos líderes da mobilização em defesa da permanência dos produtores de arroz na região.