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BRASÍLIA - O sistema Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), indicou que 541 km² da Amazônia sofreram corte raso ou degradação progressiva durante o último mês de outubro. Deste total, 233 km² foram registrados no Mato Grosso e 218 km², no Pará. A área total equivale a 2,9 mil campos do estádio Maracanã, no Rio de Janeiro.
Os dados do Deter não representam uma avaliação fiel do desmatamento mensal da Amazônia, em função da resolução dos satélites e da cobertura de nuvens variável de um mês para outro. A informação sobre áreas serve para indicar prioridades aos órgãos responsáveis pela fiscalização.
Como sistema de alerta, o Deter mapeia tanto áreas de corte raso, quando os satélites detectam a completa retirada da floresta nativa, quanto áreas em processo de desmatamento por degradação florestal. Os dados são organizados por cidade, estado, base operativa do Ibama e unidades de conservação, para facilitar e agilizar as operações de fiscalização.
Os técnicos do Inpe alertam que o desmatamento não é um evento, mas um processo. A conversão de floresta primária até o estágio de corte raso pode levar de alguns meses até vários anos para ser concluída. Os dados podem incluir áreas cortadas em períodos anteriores ao do mês de mapeamento ou em processo de desmatamento progressivo, mas cuja detecção não havia sido antes possível por limitações de cobertura de nuvens.
Também é preciso distinguir entre o tempo de ocorrência e a oportunidade de detecção do desmatamento, que é quando a fração de exposição de solo permite a sua interpretação e mapeamento.
Dados qualificados
Na qualificação amostral dos dados do Deter que o Inpe tem realizado desde maio, em outubro 70% dos alertas foram confirmados como desmatamento tipo corte raso, 28% como degradação progressiva e somente 2% não apresentaram indícios de desmatamento.
Em operação desde 2004, o Deter detecta apenas polígonos de desmatamento com área maior que 25 hectares por conta da resolução dos sensores espaciais. Devido à cobertura de nuvens, nem todos os desmatamentos maiores que 25 hectares são identificados pelo sistema.