Luiz Orlando Carneiro, JB Online
BRASÍLIA - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, divulgou, nesta sexta-feira, a representação enviada ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, na qual requer sejam tomadas as medidas cabíveis , a fim de que se esclareçam trechos de informações constantes da sentença condenatória do banqueiro Daniel Dantas. Ao final da sentença, o juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal, afirma que o coronel da reserva do Exército Sérgio de Souza Cirillo - supostamente ligado ao grupo de Dantas - foi nomeado assessor principal do gabinete do secretário de Segurança do STF, em 30 de julho último, três meses depois de deflagrada a Operação Satiagraha.
"É importante que toda a cadeia de acontecimentos e ações seja elucidada, de modo a se afastarem interpretações que possam colocar em descrédito a Suprema Corte do país" - ressalta o ministro.
Na representação, o presidente do STF critica o juiz De Sanctis: Registro não ser a primeira vez que, no curso desse processo, divulgam-se informações oblíquas a sugerir comprometimento da probidade desta Corte", e informa ao procurador-geral da República que o servidor Sérgio de Souza Cirillo foi nomeado para cargo em comissão de assessor, por indicação do então secretário de Segurança da Corte, Joaquim Gabriel Alonso Gonçalves, em 1/8/2008 e, portanto, em data posterior ao registro das interceptações telefônicas referidas . E que a exoneração de ambos ocorreu no dia 6 de outubro, por motivos administrativos .
O presidente do STF também cita a passagem da longa sentença do juiz De Sanctis, que condenou Daniel Dantas a 10 anos de reclusão, por corrupção ativa, em que enumera as nove vezes em pouco mais de um mês que Hugo Chicaroni ligou para Sérgio Cirillo, conforme o relatório da Polícia Federal: "Tal fato revela, pois, que os acusados, para alcançar seus objetivos espúrios, dias antes de oferecer e pagar vantagem às autoridades policiais, atuavam sem medir esforços em suas ações na tentativa de obstrução de procedimento criminal, tentando espraiar suas ações em outras instituições. Sérgio de Souza Cirillo foi, posteriormente, nomeado, em 30/7/2008, como assessor, figurando como substituto do secretário de Segurança do STF, e, finalmente, exonerado em 6/10/2008 .
O presidente do STF conclui: A urgente apuração ora requerida é imprescindível para que sejam elucidados de forma peremptória fatos de extrema gravidade, a demandarem a pertinente responsabilização legal .