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SÃO PAULO - O agravamento da crise de crédito ocorrido desde o último mês não impediu o governo do Estado de São Paulo de garantir R$ 3,5 bilhões em pagamentos de outorgas de rodovias nos próximos 18 meses, na segunda etapa do programa estadual de concessões.
Apesar de alta dos juros e redução nos prazos e de taxas de financiamento, bancos oficiais e comerciais e fundos de pensão viabilizaram lances vencedores em todos os cinco lotes de estradas licitados nesta quarta-feira. Esses lotes exigirão, além dos desembolsos das empresas com as outorgas, investimentos de R$ 8 bilhões ao longo de 30 anos de concessão.
O governador paulista, José Serra (PSDB), ao lado do prefeito reeleito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), classificou o resultado como uma 'vitória muito especial' diante da indefinição do cenário econômico gerado pela crise de crédito.
Segundo Serra, participaram do leilão os bancos Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil e o estadual Nossa Caixa. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também apoiou os cinco grupos vencedores, juntamente com os fundos de pensão Previ, Funcef e Petros.
A maior parte dos representantes dos grupos reclamou da época de realização do leilão, por causa das dificuldades ao financiamento de seus planos geradas pela crise, mas isso não impediu deságios de até 55% sobre o teto de tarifas proposto no edital. Teto este, aliás, que já estava defasado em cerca de 11% uma vez que o governo estadual não reajustou em maio tarifas de pedágio dos trechos concedidos.
O leilão marcou a chegada em São Paulo de pelo menos dois grandes grupos que atuam em concessões rodoviárias: a Triunfo Participações, que obteve o lote mais disputado, as rodovias Ayrton Senna e Carvalho Pinto; e a Odebrecht, que conseguiu sua primeira rodovia no Brasil ao ser a única proponente para o lote da estrada Dom Pedro I, que tem 297 quilômetros.